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Impasse nuclear

Carta de Obama a Lula defendia acordo com o Irã

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, em Brasília: esforço para evitar recuo do Irã no acordo nuclear | Evaristo Sá/AFP
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, em Brasília: esforço para evitar recuo do Irã no acordo nuclear (Foto: Evaristo Sá/AFP)

Trechos obtidos pela agência Reuters de carta enviada semanas atrás pelo presidente dos EUA, Barack Obama, a seu colega Luiz Inácio Lula da Silva confirmam a versão divulgada nos últimos dias pelo governo brasileiro de que o acordo Brasil-Irã-Turquia atendia a demandas da Casa Branca.

O acordo firmado na segunda em Teerã prevê que o Irã enviará, no prazo de um mês, 1.200 quilos de seu urânio pouco enriquecido à Turquia.

Em até um ano, o país persa receberia, em troca, 120 kg de urânio enriquecido a 20%, índice adequado para uso médico, mas não para fins militares.

O trato é reedição de acordo semelhante proposto em outubro passado pela AIEA (agência atômica da ONU), que na ocasião não foi aceito pelo Irã porque o país se negava a enviar urânio para fora do seu território e exigia que a troca fosse simultânea.

Brasil e Turquia conseguiram fazer o país persa desistir de ambas condições.

"De nosso ponto de vista, uma decisão do Irã de enviar 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para fora do país geraria confiança e diminuiria as tensões regionais por meio da redução do estoque iraniano’’, escreveu Oba­­ma na carta, segundo a Reuters. "O Irã continua a rejeitar a proposta da AIEA e insiste em reter seu urânio de baixo enriquecimento em seu próprio território até a entrega do combustível nuclear’’, continua.

O presidente americano afirma ainda que, "para iniciar um processo diplomático construtivo, o Irã precisa transmitir à AIEA um compromisso construtivo de engajamento, através dos canais oficiais, algo que não foi feito até o momento’’.

Perplexo

A reação americana deixou Lula "perplexo’’, segundo relato de um interlocutor próximo ao presidente. O mesmo interlocutor afirmou que Lula está disposto a cobrar de forma mais dura os EUA se não cederem na intenção de impor novas sanções ao país persa.

Na quinta-feira, após manter o silêncio por alguns dias enquanto esperava que as reações ao acordo com Teerã "amadurecessem’’, o presidente brasileiro já subiu o tom contra os EUA ao afirmar que o entendimento desagradou a "gente que não sabe fazer política se não tiver o inimigo’’.

Lula recebeu uma ligação do presidente do Líbano, Michel Su­­leiman, que o cumprimentou pelo acordo firmado com Teerã.

O Líbano, onde a milícia xiita Hizbollah, ligada ao Irã, participa do governo, controla hoje a presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU.

A expectativa é que a proposta de sanções ao Irã seja votada no início do próximo mês.

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