O presidente israelense, Reuven Rivlin, revelou nesta quarta-feira (27) o pedido de clemência escrito pelo criminoso nazista Adolf Eichmann em 29 de maio de 1962, dois dias antes de sua execução em Israel.
A carta inédita de Adolf Eichmann, dirigida ao então presidente israelense, Yitzjak Ben-Zvi, foi exibida por Rivlin durante uma cerimônia em Jerusalém por ocasião do Dia Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto.
Adolf Eichmann, capturado por agentes secretos israelenses na Argentina em 1960, foi julgado e condenado à morte em Israel em 1961. Na carta, o criminoso nazista afirma que o tribunal israelense responsável por seu julgamento exagerou seu papel na organização da logística da “solução final” de Adolf Hitler, plano para exterminar os judeus da Europa que matou seis milhões de pessoas.
“Devemos distinguir os chefes responsáveis das pessoas como eu, que foram forçadas a servir como simples instrumentos entre suas mãos”, escreveu Eichmann na carta. “Eu não era um chefe responsável, então não me sinto culpado”, completa no texto.
“Não posso reconhecer como justo o veredicto do tribunal e peço, senhor presidente, que exerça seu direito de conceder o perdão e ordene que a pena de morte não seja aplicada”. A carta foi assinada e datada: “Adolf Eichmann, Jerusalém, 29 de maio de 1962”.
Durante a cerimônia, na presença de sobreviventes do Holocausto, foram divulgados outros documentos inéditos do caso Eichmann, que a partir de agora podem ser consultados nos arquivos digitais da presidência. Entre os documentos estão o pedido de clemência apresentado pela esposa, Vera Eichmann, e os cinco irmãos do nazista.
Também estão na coleção alguns documentos dos advogados de defesa de Eichmann, a opinião escrita pelo ministro da Justiça, Yosef Dov, e uma nota do promotor Gedeon Hausner.
Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do Holocausto, fugiu de um campo de prisioneiros depois da Segunda Guerra Mundial e viajou em 1950 para a Argentina, onde vivia com uma identidade falsa. Em 5 de maio de 1960 foi sequestrado por agentes do Mossad em Buenos Aires e transportado clandestinamente a Israel.
O sucesso da operação do Mossad e o julgamento de Eichmann foram motivo de orgulho para o jovem Estado judeu. O julgamento foi um momento transcendente na história de Israel, afirmou Rivlin. “Nos primeiros anos consecutivos ao Holocausto, o povo de Israel estava ocupado na reconstrução em fundar um Estado independente”, disse Rivlin.
“O julgamento de Eichmann rompeu a represa de silêncio. A capacidade do Estado judeu incipiente para capturar o assassino nazista deu um sentido básico de segurança aos sobreviventes do Holocausto”, afirmou o presidente israelense.
Desde então, Israel dedica um esforço especial para tentar capturar e julgar os responsáveis pelo Holocausto. Os nazistas com participação no Holocausto atualmente são todos idosos.
Na terça-feira, o Centro Simon Wiesenthal - nome de um famoso caçador de nazistas - publicou uma lista de 10 supostos nazistas que poderiam ser processados em 2016.
Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal, afirmou que a organização vai continuar procurando criminosos nazistas para que sejam julgados. “Nós devemos isto às vítimas do Holocausto”, afirmou Zuroff.
A passagem do tempo não diminui a culpa dos assassinos. A velhice não deve fornecer proteção às pessoas que cometeram os crimes atrozes”, insistiu. “Os julgamentos enviam uma mensagem poderosa sobre a importância do Holocausto”, concluiu Zuroff.
Com a morte do criminosos, o centro vai dar mais atenção à verdade histórica do Holocausto, com ênfase nas empresas da Europa que tentam esquecer seu papel na morte de judeus, disse Zuroff.
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