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Cartas confidenciais obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo e enviadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao governo cubano denunciam a repressão na ilha e ameaças contra dissidentes. A entidade decidiu ontem elevar o tom de críticas contra Cuba, pediu a libertação de presos políticos e "avanços visíveis" na situação dos direitos humanos na ilha.

O aumento da pressão da ONU coincidiu com a publicação de um artigo do líder cubano Fidel Castro rejeitando a existência de tortura em Cuba. "Em nosso país jamais se torturou ninguém, jamais se ordenou o assassinato de um adversário", disse Fidel, referindo-se ao preso político Orlando Zapata, que morreu no dia 23 após 85 dias de greve de fome.

Fidel também defendeu o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cuja visita à ilha coincidiu com a morte do dissidente. O líder cubano afirmou que "alguns invejosos e os que estão a serviço do império" criticaram Lula "usando para isso vis calúnias". Lula recebeu críticas por não condenar a morte de Zapata e as violações dos direitos humanos na ilha.

A TV estatal cubana também divulgou ontem uma reportagem, sustentando que Zapata "foi alentado" a pôr fim à greve de fome e recebeu atendimento médico especializado, mas não pôde ser salvo por causa de seu precário estado de saúde.

Ontem, em uma reunião sigilosa, a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, pediu ao chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, uma mudança da posição de Havana com relação aos dissidentes.

Nas cartas confidenciais enviadas no final de 2009 ao governo cubano, cobrando explicações sobre supostas ameaças contra grupos de ativistas, a ONU revela que Cuba confiscou mensagens passadas por ativistas à entidade nos últimos anos e diz que vários dissidentes foram ameaçados de morte. Havana respondeu que as alegações "não têm fundamento, são falsas e fabricadas".

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