A presença dos chefes de Estado Dilma Rousseff, Cristina Kirchner e José Mujica não foi suficiente para compensar a ausência de Nicolás Maduro ontem na posse do novo presidente do Paraguai, Horacio Cartes. Com a disputa entre seu país e a Venezuela ainda longe de ser solucionada, ele chega à Presidência com o desafio de acabar com o isolamento regional provocado pelo impeachment do ex-presidente Fernando Lugo.
No discurso de posse, Cartes defendeu a necessidade de aprofundar as relações bilaterais mas em momento algum mencionou a necessidade de retornar rapidamente ao Mercosul. Enquanto a Venezuela estiver com a Presidência rotativa do bloco, confirmou uma fonte do governo brasileiro, os paraguaios manterão sua decisão de não reconhecer a adesão plena do país, aprovada por Brasil, Argentina e Uruguai após a suspensão do Paraguai. As portas do bloco foram abertas, mas Cartes não parece disposto a ceder às pressões.
"Não temos pressa, vamos analisar tudo com muita calma", declarou o novo chanceler paraguaio, Eladio Loizaga.
Cartes manteve encontros bilaterais com Dilma e Cristina, mas elas não comentaram sobre a fórmula para reintegrar o Paraguai ao Mercosul.
"Os resquícios do passado continuam presentes, demos apenas um pequeno primeiro passo", disse uma fonte do governo brasileiro.
Desprezado
O presidente venezuelano não foi convidado à cerimônia. Num gesto de solidariedade, o boliviano Evo Morales e o equatoriano Rafael Correa não viajaram a Assunção.
Apesar de longe, Maduro enviou uma carta ao novo chefe de Estado paraguaio, na qual desejou que o país regresse "em breve" ao bloco e manifestou esperança de que a posse de Cartes marque "uma nova etapa para a democracia paraguaia".
Quando era chanceler, Maduro tentou impedir o impeachment relâmpago de Lugo e ainda é considerado persona non grata no Paraguai.