Vantagem
Mercosul garantiu ampliação do sistema de distribuição de energia
Um dos recentes benefícios que o Paraguai conquistou junto ao bloco sul-americano veio do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). Por meio do fundo, o país obteve US$ 15,8 milhões para ampliar a subestação da Itaipu no município de Hernandárias, vizinho a Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu. A obra, que deve ser inaugurada em setembro deste ano, integra o sistema de transmissão de 500 kv, que levará a energia de Itaipu à subestação de Villa Hayes, na grande Assunção.
A linha de transmissão, na qual estão sendo injetados US$ 165 milhões, tem 347 quilômetros e 759 torres, 636 já erguidas. Outros US$ 105 milhões foram investidos na construção da subestação.
Com mais oferta de energia, a expectativa do Paraguai é acelerar o processo de industrialização que tem atraído inúmeros investidores brasileiros. Hoje, 80% da energia elétrica consumida pelo Paraguai é residencial. Somente 20% está destinado ao setor produtivo, pela falta de investimentos anteriores e de um plano de industrialização.
O Paraguai recebe ao ano US$ 340 milhões pela venda da energia elétrica da Itaipu ao Brasil. Em 2012, a Itaipu forneceu 17,3% de toda a energia consumida pelo Brasil e 72,5% pelo Paraguai.
O país ainda recebe outros US$ 150 milhões dos cofres argentinos pela venda de energia da hidrelétrica Yacyretá, no município de Ayolas, fronteira com Corrientes, Argentina.
Bloco
Suspensão só gerou prejuízo político e mexeu com influência do Brasil
Diretor do Centro de Análises e Difusão da Economia Paraguaia (Cadepe), o analista econômico Fernando Masi diz que a suspensão do Mercosul não gerou reveses econômicos ao Paraguai, apenas político. Em 2012, as exportações paraguaias para o Mercosul cresceram 30% em relação a 2011, principalmente em razão das transações comerciais com o Brasil.
Porém, ele diz que o país deve voltar a ter peso político no bloco. "O Mercosul é a projeção do Paraguai para o mundo. O país precisa ter sua voz ", afirma.
Já o diretor-presidente do Centro Empresarial Brasil-Paraguai (Braspar), Wagner Enis Weber, vai além e diz que o maior prejudicado com o afastamento temporário do Paraguai no Mercosul foi o Brasil. Os paraguaios se aproximam dos Estados Unidos, Canadá e do chamado Bloco do Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México), países, segundo Weber, com economias muito abertas e dinâmicas. "Com isso, o Brasil perde influência política e econômica na região. E perde o controle de um país estrategicamente importante para nosso comércio e nossas empresas."
A relação difícil com a Venezuela e a reintegração ao Mercosul despontam como impasses na agenda do presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes. Suspenso do bloco sul-americano após o impeachment do ex-bispo Fernando Lugo, o país conta com a recuperação da força política para voltar a ter voz no cenário latino-americano.
Cartes já manifestou interesse em levar o Paraguai a retomar a cadeira no bloco comercial sul-americano e ontem foi convidado pelo presidente do Uruguai, José Mujica, para participar da próxima Cúpula do Mercosul que será realizada em Montevidéu, em junho.
A volta do Paraguai ao Mercosul e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), organização da qual o país também foi afastado temporariamente, estava condicionada a uma eleição transparente e democrática e tende a se concretizar caso um entrave, chamado Venezuela, não atrapalhe.
Em outubro do ano passado, já sob o comando do atual presidente Federico Franco, o parlamento paraguaio reprovou o ingresso da Venezuela no bloco. Por isso, pode haver resistência de alguns países, inclusive o Brasil, na readmissão do Paraguai, apesar das declarações favoráveis de Mujica e da presidente argentina Cristina Kirchner.
Um novo pedido para o ingresso da Venezuela, agora dirigida por Nicolás Maduro, precisa ser votado pelo congresso. Se depender de Cartes, que durante a campanha declarou apoio a participação da Venezuela no Mercosul, e da disposição de Maduro, que já o cumprimentou pelas eleições, não haverá problemas.
No entanto, o discurso verbal de Cartes não vai resolver. Ele terá de lidar com o fato de o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro, não ter boa receptividade no país. Quando era chanceler venezuelano, Maduro foi declarado persona non grata pelo parlamento paraguaio porque teria, nos bastidores, incitado militares à sair na rua para defender o então presidente Fernando Lugo, que passa por um processo de cassação.
Para o historiador Jorge Rubiani, o conflito entre Paraguai e a Venezuela vai continuar. E a rusga passa pela figura do presidente eleito Nicolás Maduro. "Há governos que vão aceitar Maduro, outros não", diz.
Paraguai terá de aceitar a entrada da Venezuela
Folhapress
A presidente Dilma Rousseff telefonou para cumprimentar o novo presidente do Paraguai, o colorado Horacio Cartes, no início da tarde de ontem. A ligação foi feita às 15 horas e durou cinco minutos. Segundo nota divulgada pela Presidência, Dilma "desejou um governo bem-sucedido e ressaltou a disposição para recompor as relações bilaterais e do Paraguai com o Mercosul".
A avaliação de integrantes do governo brasileiro é de que o Paraguai só deve retornar ao Mercosul após o Congresso de lá aprovar a adesão da Venezuela ao bloco, e depois de uma análise por parte dos países que integram o grupo econômico.
O Paraguai foi suspenso do Mercosul após a controversa deposição do então presidente Fernando Lugo, em junho passado. Na ocasião, Brasil, Argentina e Uruguai decidiram pela entrada da Venezuela à revelia do Paraguai, o único país que resistia à medida.
Segundo a reportagem apurou, observadores brasileiros baseados no país vizinho estão otimistas quanto as chances de readmissão, mas não preveem o retorno antes de agosto, mês da posse de Horacio Cartes.
Primeiro, afirmam interlocutores da presidente Dilma, é preciso saber o resultado da eleição do Senado para então avaliar se haverá maioria simpática à votação.
Para o Brasil, o Partido Colorado deve usar a morte de Hugo Chávez como pretexto para quebrar resistências no Congresso e encaminhar a proposta de adesão do país hoje governado por Nicolás Maduro. Esperam, ainda, que o próprio Horacio Cartes lidere uma ação interna para viabilizar a proposta.
Reconhecimento
O Brasil foi o último dos três países-fundadores do Mercosul a reconhecer oficialmente o novo presidente do Paraguai. Em seu Twitter, a presidente argentina, Cristina Kirchner, felicitou na noite de domingo o colorado e disse "esperá-lo no Mercosul".
"Seu lugar está ali no Mercosul junto a todos nós, como sempre", disse Cristina. "De novo estamos completos na América do Sul. É preciso."
Ela disse ter telefonado para o novo presidente paraguaio na noite de domingo. "Do outro lado da linha, escuto a voz de Horacio Cartes saudando-me com muita alegria", afirmou.
O presidente uruguaio, José Mujica, também telefonou para o vizinho. Segundo um comunicado da Presidência, Mujica convidou Cartes para a próxima cúpula do Mercosul, que será em junho, em Montevidéu. Disse ainda que pretende estar na posse do colorado.
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Putin repete estratégia de Stalin para enviar tropas norte-coreanas “disfarçadas” para a guerra da Ucrânia