O governo do primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Malaki, e os dirigentes políticos do Iraque conseguiram poucos avanços rumo à estabilidade e à reconciliação, segundo um relatório entregue pela Casa Branca ao Congresso dos Estados Unidos nesta sexta-feira (14).
Esse relatório é o segundo dos requeridos pelo Congresso sobre como o governo do Iraque cumpre metas políticas e militares, estabelecidas por Washington, para medir o resultado da escalada militar ordenada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em janeiro passado.
A avaliação decepcionante do desempenho do governo e dos dirigentes políticos iraquianos vem à tona poucas horas depois de Bush se dirigir à nação para anunciar a redução gradual das tropas no Iraque, se forem registrados avanços.
O discurso de Bush
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, se dirigiu aos americanos em um pronunciamento na noite desta quinta-feira (13) para anunciar o retorno gradativo dos soldados do país no Iraque - uma medida que os democratas acreditam ser insuficiente, mas que parece ter aumentado o respaldo popular do presidente.
Segundo Bush, até o Natal deste ano, cerca de 5.700 homens devem voltar para os EUA e, até julho do ano que vem, o número de brigadas de combate no país árabe deve ser reduzida de 20 para 15, o que significaria que algo entre 20 mil e 30 mil homens devem deixar o Iraque. O discurso começou às 21h (22h no Brasil), horário nobre da televisão americana.
O destino de outros 130 mil soldados que restarão no país árabe deve ficar nas mãos do próximo presidente dos Estados Unidos.
Bush enfatizou o que chamou de sucesso da permanência das tropas americanas no Iraque, classificada de "brilhante", afirmando que, quando visitou o país há alguns dias, "muitos iraquianos me agradeceram pelo apoio". Bush disse ainda que o país começa a se tornar capaz de cuidar de seu próprio policiamento e reforçou que um "Iraque livre é fundamental para a segurança dos Estados Unidos" e serve de exemplo para outros países.
Várias pesquisas publicadas nesta quinta por grandes veículos da imprensa local, como a encomendada pela "NBC" e o "Wall Street Journal", revelam que Bush conta agora com um maior apoio em sua estratégia no Iraque, mas não em sua gestão total como presidente.
O pronunciamento acompanhou os discursos desta semana no Congresso do general David Petraeus, chefe das tropas dos EUA no Iraque, e do embaixador americano nesse país, Ryan Crocker. Petraeus fez um discurso positivo, no qual disse que os assassinatos sectários caíram 50% em todo o país desde janeiro, e 80% apenas em Bagdá. Tudo motivado pelo maior desdobramento militar americano no Iraque.
Redução das tropas
A redução das tropas deu novos argumentos aos democratas para as críticas, especialmente para os que reivindicam o retorno de todos os soldados.
A senadora e pré-candidata à Presidência Hillary Clinton considera que a decisão de Bush foi tomada tarde demais, além de ser inaceitável para o Congresso, de maioria democrata, segundo uma carta dirigida ao presidente americano. No entanto, as pesquisas indicam que os americanos acreditam que algo parece estar mudando.
Opinião pública
A pesquisa da "NBC" e do "Wall Street Journal" indica que 30% dos entrevistados aprovam a forma como o presidente está manejando a situação no Iraque, o que significa oito pontos percentuais acima do nível de julho. Além disso, 37% acreditam que a guerra pode ser vencida, acima dos 32% que tinham esta opinião em julho. A porcentagem dos que não acreditam em uma vitória, apesar de ser majoritária, caiu de 62% para 56%.
Apesar de a estratégia no Iraque ter obtido um maior respaldo, o índice de popularidade do presidente não variou e, em termos gerais, continua sendo baixo.
Outra pesquisa encomendada pela "CNN" dá a ele uma aprovação de 36%, a mesma de agosto e um pouco acima da que tinha no começo do ano.
Segundo a pesquisa encomendada pela AP-Ipsos, 33% dos americanos reprovam a gestão de Bush, uma porcentagem muito próxima ao nível mais baixo de seu governo, de 32%, e parecida com a do último ano.
Crítica democrata
Enquanto isso, os democratas consideram que a medida não representa uma mudança de estratégia, pois o nível de tropas estará nos 130 mil soldados, o mesmo que havia em janeiro, antes de a Casa Branca decidir a última escalada.
Além disso, os opositores se mostram muito críticos aos poucos resultados obtidos desde janeiro, especialmente porque não houve uma grande progressão na desejada reconciliação nacional do Iraque.
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