A Casa Branca informou nesta segunda-feira (10) que está mantendo conversas com a Coreia do Norte sobre a realização de uma segunda reunião de cúpula entre o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong-un, enquanto os dois lados tentam avançar nas negociações sobre a desnuclearização da Península Coreana.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse a repórteres que Kim solicitou o prosseguimento da cúpula histórica de Cingapura, realizada em junho, em uma "carta calorosa e muito positiva" para Trump, entregue nos últimos dias.
"É algo que queremos e já estamos trabalhando para que isto aconteça", disse Sanders, embora tenha enfatizado que nenhuma decisão foi tomada em relação a um momento ou a um local.
O anúncio foi o mais recente sinal de que Trump, apesar da crescente frustração, continua fortemente investido nos esforços para fazer com que Pyongyang cumpra as promessas de desnuclearização feitas durante a reunião de Cingapura.
Trump cancelou abruptamente uma visita planejada do secretário de Estado Mike Pompeo a Pyongyang há três semanas, alegando falta de progresso.
Mas o presidente reagiu positivamente à recente proposta de Kim, vangloriando-se em um comício em Montana, no fim da semana passada, em que Kim "disse coisas maravilhosas sobre mim".
"Ele disse enfaticamente que quer desnuclearizar a Coreia do Norte durante o mandato do presidente Trump", disse o presidente americano a seus partidários em um evento em Billings, citando relatos de emissários sul-coreanos que visitaram Pyongyang e se reuniram com Kim na semana passada. "Isto é bom".
Ausência dos mísseis na parada
Sanders disse que a Casa Branca não divulgaria uma cópia da carta de Kim sem a autorização de Pyongyang. Citou a decisão da Coreia do Norte de não incluir mísseis balísticos em uma parada militar em Pyongyang no fim de semana como um sinal de que o regime de Kim estava tomando medidas para não antagonizar os Estados Unidos.
"O desfile recente na Coreia do Norte, pela primeira vez, não foi envolveu o seu arsenal nuclear", disse Sanders.
O presidente alcançou um tremendo sucesso com suas políticas até agora. E esta carta foi mais uma prova do progresso nessa relação.
Alguns analistas apontam para as reuniões da Assembleia Geral da ONU em Nova York, daqui a duas semanas como um possível local para uma reunião Trump-Kim. O ditador norte-coreano não ofereceu nenhuma indicação de que ele pretende participar. Autoridades dos EUA sugeriram, em particular, que é pouco provável que tal encontro ocorra durante a visita de dois dias de Trump.
Em um tuíte no domingo, Trump descreveu a decisão de Kim de não exibir mísseis balísticos como uma "declaração grande e positiva", acrescentando que "não há nada como um bom diálogo de duas pessoas que gostam uma da outra".
Mas outros assessores da Casa Branca fizeram comentários mais cautelosos. Falando a repórteres, o conselheiro de segurança nacional, John Bolton, disse que o governo ainda está "esperando por eles" para adotar medidas significativas. Entre outras coisas, os Estados Unidos estão buscando uma declaração detalhada do Norte sobre o tamanho de seus arsenais nucleares e de mísseis balísticos. Bolton afirmou que:
A possibilidade de outro encontro entre os dois presidentes obviamente existe. Mas o presidente Trump não pode fazer a Coreia do Norte entrar pela porta que ele está mantendo aberta. Eles são os que têm que dar os passos para desnuclearizar, e é isso que estamos esperando.
Sinais
A última reviravolta na relação Trump-Kim lembra a preparação para a cúpula de Cingapura, quando Trump anunciou que estava desistindo do encontro depois que Pyongyang fez comentários inflamados, mas depois confirmou o compromisso quando Kim enviou um assessor de alto escalão para entregar uma carta pessoal para o presidente.
Analistas de política externa alertaram, no entanto, que a disposição de Kim de se encontrar com Trump não era um sinal de que Pyongyang iria avançar com sérios esforços para desnuclearizar. Segundo eles, o objetivo de Kim é convencer Trump a assinar um acordo que declararia o fim formal da Guerra da Coreia, sem abrir mão de concessões significativas.
As agências de inteligência dos EUA concluíram que Pyongyang continua a desenvolver seus programas de armas nucleares em segredo, apesar de não ter testado armas desde a cúpula de Cingapura.
"Kim Jong-un se mostrou muito habilidoso em manipular Trump através de promessas vazias", disse Sue Mi Terry, uma especialista em Coreia do Centro para Estratégias e Estudos Internacionais. Kim "observa tudo o que acontece de perto, os problemas domésticos [de Trump] e tudo mais e percebem uma oportunidade".
China
Nas últimas semanas, Trump acusou a China, no meio de uma crescente guerra comercial com os Estados Unidos, de exercer influência negativa sobre Kim, o que contribuiu para o colapso nas negociações.
Uma autoridade chinesa de alto escalão se juntou a Kim na parada militar que marcou o 70º aniversário da fundação da Coreia do Norte, sinalizando a intenção de Pequim de continuar fortalecendo os laços com Pyongyang.
Perguntada se Pequim merece algum crédito na relação entre Kim e Trump, Sanders respondeu:
"O presidente merece o crédito neste processo. Tem sido a voz principal e o que colocou a pressão inicial sobre a Coreia do Norte... Francamente, nós gostaríamos de vê-lo intensificar este processo”.
O único presidente
Autoridades sul-coreanas disseram após encontro com Kim que o líder norte-coreano se comprometeu a realizar a desnuclearização até 2020, quando Trump tentaria se reeleger. Analistas sugerem que Kim acredita na necessidade de fazer um tratado de paz antes que Trump deixe o cargo, porque é menos provável que um sucessor se envolva em tais negociações.
"Kim concluiu que precisa fazer um acordo com Trump", disse Terry. "É a única pessoa que conseguiria um tratado de paz. É a única oportunidade para a Coreia do Norte o que eles sempre pensaram que precisavam ter”.
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