Policiais ingleses do lado de fora da casa onde um homem e uma mulher foram encontrados inconscientes| Foto: GEOFF CADDICKAFP

Enquanto o mundo olha para a Rússia por causa da Copa do Mundo de futebol, os ingleses, que ontem superaram a "praga dos pênaltis" vencendo a Colômbia, voltam a desconfiar da atuação do país sede do torneio em um novo caso de envenenamento no Reino Unido. A mídia local dá com destaque a hospitalização de um homem e uma mulher que foram expostos a uma substância ainda desconhecida e que estão em estado crítico. 

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A polícia britânica já declarou o caso como um "grande incidente". O casal, com idade próxima de 40 anos e cujos nomes não foram divulgados, foi encontrado em casa inconsciente no sábado e a primeira hipótese foi a de um episódio relacionado a drogas. Oficiais de Wiltshire informaram que inicialmente acreditava-se que os pacientes teriam usado heroína ou crack de um lote contaminado. 

Agora, os policiais dizem conduzir o caso com "a mente aberta".

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Apesar de ainda não haver certeza de que se trata de um crime, a polícia isolou uma série de áreas na região que eram frequentadas pelos dois e está realizando testes para tentar identificar a substância que teria atingido o casal. Os pacientes estão sendo atendidos pelo Hospital Distrital de Salisbury. 

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No sábado à tarde, antes de ser encontrado, o casal participou de um evento familiar na Igreja Batista de Amesbury. O responsável pela instituição, Roy Collins, disse que ninguém mais sofreu quaisquer efeitos nocivos após o encontro comunitário. "Estamos todos muito confusos e chocados - naturalmente, a conexão com Salisbury e os eventos recentes significam que há um interesse público maior", declarou à imprensa britânica.

Relação com caso Skripal

Eles moram em Muggleton Road, Amesbury, a 16 quilômetros do local do envenenamento de um ex-espião russo que atuou como agente duplo no passado e de sua filha, que levaram o Reino Unido a fazer acusações de que o Kremlin estaria por trás da ação. A acusação levou a uma crise diplomática na qual Rússia e diversos países ocidentais expulsaram mutuamente diplomatas, piorando uma relação que já vinha deteriorada desde a anexação da Crimeia da Ucrânia, aprovada por Moscou em 2014. 

Sergei Skripal e a filha Yulia foram envenenados em março com Novichok, um agente neurotóxico

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Um dos problemas da tese britânica é que não há provas concretas do interesse de Moscou em matar Skripal, ainda mais às vésperas da reeleição consagradora de Vladimir Putin e a poucos meses da Copa do Mundo da Rússia, que trouxe a atenção mundial ao país. Além disso, havia aparentemente pouco o que Skripal pudesse saber de segredos: ele passou seis anos na cadeia na Rússia por vender nomes de agentes de seu país na Europa aos britânicos, e desde 2010 estava solto em uma troca de espiões entre Moscou e Washington. 

Ele pode ter sido atacado por estar envolvido em algo ainda não conhecido, ou ainda por algum dos seus delatados. Para a Rússia, pode ter havido uma armação do serviço secreto britânico para demonizar ainda mais Putin. Desde que recebeu alta hospitalar, está em local desconhecido, sob proteção britânica. Sua filha, Iulia, também se recuperou e só fez declarações anódinas por escrito.