"Vendo bebê recém-nascido, entrar em contato com Carolina ou Juan".
Com esse anúncio, um jovem casal do Chile pôs à venda na internet o bebê que deve nascer em dezembro, com um valor inicial equivalente a R$ 183 mil. É uma transação comercial, no mínimo, curiosa. Mas que até agora não foi concluída.
Os jovens publicaram o anúncio no site de vendas "Quebarato.cl", na seção "Outros serviços".
Os pais, identificados como Juan, de 20 anos, e Carolina, de 16, residem na cidade de Puerto Montt, cerca de 1.000 quilômetros ao sul de Santiago, a capital do país. A insólita transação foi descoberta -e frustrada- após uma investigação de jornalistas da "Televisión Nacional de Chile", onde dois repórteres simularam terem interesse em comprar o bebê.
Os detalhes da transação são impressionantes. Em conversas gravadas com câmera escondida pelos jornalistas, o pai relata que pretende usar o dinheiro para comprar um carro esporte e um terreno, onde no futuro iria construir uma casa.
A mãe quase não fala no vídeo, mas disse que esta é uma forma de eles conhecerem quem vai cuidar da criança, ao contrário da adoção tradicional, em que o governo decide quem irá adotar o bebê. O caso provocou revolta no Chile, e ocupou a manchete dos principais jornais do país na última quarta-feira (3).
O Serviço Nacional de Menores (Sename) anunciou que vai tomar medidas judiciais de proteção para o bebê e para a mãe, enquanto um promotor já iniciou uma investigação para determinar se houve crime ou não. O Sename disse ainda que a mãe será levada para um abrigo, onde ficará até o bebê nascer.
Por não terem completado a venda, os jovens não cometeram nenhum crime, segundo a legislação do Chile.
Carolina Segura, uma das jornalistas que investigou o caso, relatou que o mais chocante, para ela, foi constatar que a venda era algo realmente sério.
"Nós tínhamos a ilusão de que fosse uma brincadeira e que íamos encontrar pessoas mais despreparadas, mas eles estavam bastante lúcidos; eles estavam levando isso a sério o que é mais chocante", disse a repórter para o jornal "Las Ultimas Noticias".