Um casal cigano acusado de ter sequestrado uma misteriosa menina loira de 4 anos, que a mídia grega apelidou de "anjo louro", declarou a uma corte da Grécia, nesta segunda-feira (21), que a mãe biológica lhes deu a garota quando bebê porque não tinha condições de criá-la.
A descoberta da menina, conhecida como Maria, chocou a Grécia e desencadeou milhares de telefonemas de várias partes do mundo com dicas para as autoridades, que tentam descobrir os pais verdadeiros da criança, depois que testes de DNA mostraram que ela não é filha biológica do casal.
O caso levantou dúvidas sobre o roubo de crianças por encomenda e se o casal faz parte de uma rede de tráfico de crianças, além de ter aprofundado a desconfiança entre os ciganos e os gregos.
O casal foi preso pela polícia que, ao revistar na semana passada um acampamento cigano no centro da Grécia em busca de armas e drogas, encontrou a menina de pele branca e olhos azuis, que não se parece com a família com a qual estava vivendo.
O casal nega ter roubado a criança e diz que a mãe a entregou aos seus cuidados logo depois de dar à luz.
"Foi uma adoção que não foi exatamente legal, mas ocorreu com o consentimento da mãe", disse a repórteres Constantinos Katsavos, um dos advogados representando o homem, de 39 anos, acrescentando que isso foi o que o casal declarou na corte.
O casal de ciganos está preso enquanto aguarda julgamento pela acusação de rapto e aquisição de documentos falsos. Havia mais de 20 policiais cuidando da segurança do lado de fora da corte.
Mais de 5 mil pessoas, dos Estados Unidos à Suécia, telefonaram para a entidade que está cuidando de Maria para dar dicas ou procurando crianças desaparecidas.
Com base nas características da menina, a polícia acredita que Maria, que fala somente algumas palavras em grego e no dialeto cigano, seja do norte ou do leste da Europa.
O caso despertou comparações com o desaparecimento da menina britânica Madeleine McCann, que sumiu aos 3 anos quando estava com a família em Portugal, em 2007.
Na movimentada e ensolarada praça diante da corte na cidade de Larissa onde o casal foi ouvido pelos magistrados, membros da comunidade cigana se reuniram para demonstrar apoio e disseram estar sendo injustamente estigmatizados.
"Eles são completamente inocentes. Isso é só conto de fadas e nós vamos provar isso à sociedade", declarou Babis Dimitriou, o líder da comunidade cigana local, falando à Reuters.
"Eles acusam os ciganos de tudo, de roubar, de pegar crianças. Essas coisas só acontecem na nossa raça? Para nós, esse é um enorme insulto", disse.
A polícia descobriu que a mulher tinha dois documentos de identidade e outros papéis sugeriram que o casal tinha 14 filhos, mas seis eram registrados como tendo nascido com menos de 10 meses de diferença.
"É injusto", declarou uma cigana que se identificou apenas como Kyriaki, ao ouvir a decisão de que o casal permanecerá sob custódia da Justiça. "Ela cria essa menina desde que era bebê."
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