O casal detido na Espanha na investigação do seqüestro da menina britânica Madeleine McCann, desaparecida em Portugal no último dia 3 de maio, foi investigado no passado por ligação com o tráfico de crianças, informa neste sábado o jornal "The Times".
O italiano Danielo Chemello, de 61 anos, e sua companheira de 54 anos, Aurora Pereira Vaz, de origem portuguesa, chamaram a atenção da polícia francesa há três anos. O motivo foi o elevado número de crianças que passavam por sua casa na Côte D'Azur, diz o jornal.
As autoridades francesas suspeitam que o casal se dedicou também à venda internacional de esperma e óvulos. Chemello e Vaz, que viveram na Itália e na França, teriam se mudado para a Espanha há dois meses.
Os dois passaram 18 meses presos, na França, condenados em 2004 por abusar de sua filha, então com 5 anos, informa o "Times". Em 2003, a polícia francesa encontrou a filha do casal "quase nua" e presa com fita adesiva.
Segundo o jornal britânico, Vaz está sendo investigada por ter mentido sobre a maternidade biológica de outra menina.
Os dois detidos são acusados de tentar receber a recompensa que os pais de Madeleine oferecem a quem der alguma pista sobre o paradeiro da menina.
A polícia espanhola, que vigiava o casal desde sábado, decidiu deter os dois na quarta-feira, após descobrir que havia uma ordem internacional de detenção contra Chemello.
Os agentes encontraram na sua casa várias notícias de jornais sobre a menina desaparecida e fotos dela num computador, assim como duas crianças, de 7 e 5 anos.
A polícia tenta descobrir agora se o casal está realmente envolvido no seqüestro ou simplesmente queria a recompensa por dar alguma pista sobre Madeleine.
De acordo com a versão do promotor francês Christian Girard, apesar das fortes suspeitas de que o casal se dedicava ao tráfico internacional de gametas, em colaboração com um médico na Grécia e um laboratório nos Estados Unidos, os dois não foram acusados porque os supostos crimes teriam ocorrido fora da França.
A justiça francesa, porém, procura Chemello para ser julgado por tentativa de chantagear o juiz que condenou o casal a três anos de prisão por abuso da filha.
Segundo Dominique Moyal, promotor adjunto de Nice, Chemello foi investigado por suspeitas de ter organizado um complô para assassinar o juiz.
De acordo com "The Times", Chemello era um respeitado homem de negócios em Sandrigo (norte da Itália), casado e com dois filhos. Até que, nos anos 90, conheceu Aurora Vaz, que estava casada com o executivo financeiro Enzo Alberto Tana.
Chemello e sua amante abandonaram a cidade onde viviam e embarcaram numa nova vida de luxo pelos clubes noturnos e restaurantes da França e Itália.
O casal, que teve uma filha de sua relação extraconjugal, foi acusado em 1996 de assassinar o ex-marido da portuguesa, subornar um funcionário da polícia e acusar falsamente Enzo Tana de fazer parte de uma quadrilha de pornografia infantil.
Os dois foram condenados a cinco anos de prisão cada um por posse ilegal de armas, falso testemunho e suborno.