Um projeto de lei que autoriza o matrimônio e a adoção por casais homossexuais provocou uma grande mobilização na Argentina ontem. Organizações a favor e contra a união civil de gays promoveram manifestações em vários pontos de Buenos Aires. A proposta, que já foi aprovada na Câmara, entrou na pauta de votação do Senado ontem à noite.
O debate opõe legisladores do mesmo bloco político e tinha previsão para terminar só depois na madrugada de hoje. Uma pesquisa informal divulgada pela imprensa dava como certos 31 votos a favor e 31 contra o casamento gay. A decisão estava nas mãos de seis senadores indecisos.
Diante do Congresso, duas manifestações marcaram a polarização do país diante do tema. De um lado, bandeiras do movimento gay e gritos contra a Igreja Católica. Do outro, fiéis rezavam com imagens de santos nas mãos.
O momento mais tenso ocorreu ainda durante a tarde, quando painéis que defendiam o casamento entre "homem e mulher foram arrancados com facas por militantes a favor do projeto.
Opção frustrada
Além dos indecisos, também são considerados cruciais na disputa os quatro senadores ausentes. Dois deles, alinhados ao governo e contrários ao projeto, foram convidados estrategicamente por Cristina para acompanhá-la em viagem à China.
O ex-presidente e atual senador Carlos Ménem (1989-1999) também não compareceu ao plenário. Ele não declarara posição sobre o tema.
Tecnicamente, o projeto altera um artigo do Código Civil. Em vez de prever o matrimônio entre "um homem e uma mulher, a legislação passaria a autorizar o casamento entre dois cônjuges, independente do sexo.
Com isso, os casais gays teriam direito a herança e aos benefícios da previdência social argentina. Também ficaria permitida a adoção. Essa foi principal divergência entre apoiadores do projeto e a Igreja Católica, que deflagrou uma forte campanha contra o matrimônio gay.
Em 2003, Buenos Aires se converteu na primeira cidade da América Latina a aprovar a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Isso dá aos casais homossexuais da capital argentina direitos municipais como acesso a uma linha de crédito do governo destinado às famílias. Mas não confere direitos nacionais, como herdar do cônjuge ou adotar uma criança.
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