Apesar da lei recém aprovada que prevê o casamento gay na Argentina, os casais homossexuais do país devem enfrentar obstáculos para se casar ou adotar filhos.
Na quinta-feira, o Senado argentino sancionou em uma votação apertada uma alteração no Código Civil que teoricamente iguala os direitos de casais gays e heterossexuais.
Na prática, porém, é provável que haja dificuldades, principalmente em relação à adoção. Como cabe aos juízes escolher a família ou a pessoa que tem melhores condições para adotar, magistrados conservadores podem evitar entregar as crianças a casais gays.
"Alguns [juízes] serão mais resistentes, porque têm medo ou dúvida. Mas com o passar do tempo, é provável que se normalize'', afirma a Diretora Nacional da Infância, Marisa Graham.
Para a Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, as maiores dificuldades ocorrerão em províncias e cidades do interior. "A adversidade talvez ocorra nas cidades que resistiram à legalização do casamento gay, porque os juízes são reflexo da sociedade em que vivem'', diz Esteban Paulón, secretário-geral.
Ontem, a juíza de paz da Província de La Pampa Marta Covella disse que não realizará casamentos entre gays, porque obedece primeiro à lei de Deus e, depois, à dos homens. "Se aparecem pedidos [de gays], o juiz suplente realiza o casamento, mas não eu. Uma relação entre homossexuais é uma coisa má diante dos olhos de Deus.''