O pedido britânico de extradição do homem acusado do assassinato do ex-espião Aleksandr Litvinenko e a recusa da Rússia em atender esfriou ainda mais as relações entre os dois países.
Na terça-feira, a Promotoria britânica acusou outro ex-espião, Andrei Lugovoi, de ter envenenado Litvinenko em Londres em novembro com o elemento polônio 210 radioativo e exigiu das autoridades russas sua extradição imediata para o Reino Unido.
No entanto, segundo fontes jurídicas britânicas, a Rússia está no direito de se negar a entregar Lugovoi porque não existe nenhum acordo bilateral de extradição. A Rússia assinou a Convenção Européia de Extradição de 1957, mas o artigo 6 do documento permite rejeitar uma extradição. Nesse caso, as autoridades locais devem se ocupar do suposto crime.
Nesta quarta-feira (23), em seus editoriais, a imprensa britânica aprova unanimemente a decisão da Promotoria da Coroa de apresentar as acusações contra Lugovoi. Segundo o jornal "The Independent", "o assassinato não é aceitável qualquer que seja seu preço diplomático".
Para Monty Raphael, do escritório de advocacia Peters & Peters, citado hoje pelo jornal "The Times", as chances de Moscou acatar o pedido britânico são nulas. Segundo ele, a única alternativa é que a Promotoria britânica entregue todas as provas que tem às autoridades russas para que Lugovoi seja julgado em seu país.
Independentemente do crime do qual Lugovoi é acusado, o Governo russo paga ao Reino Unido na mesma moeda: antes, Moscou pediu várias vezes a extradição do empresário Boris Berezovsky e Londres negou sistematicamente.
A Rússia argumenta que Berezovsky está abusando de sua condição de refugiado político. Em 16 de abril, ele chegou ao ponto de fazer uma convocação, em entrevista ao jornal "The Guardian", para que o regime russo seja derrubado pela força.
As autoridades britânicas concederam asilo político ao empresário, que fugiu de seu país após ser acusado de fraude financeira e lavagem de dinheiro. Graças à proteção do Reino Unido, não teve que responder pelos crimes até agora.
Londres deve saber que, se pressionar, só congelará ainda mais as relações bilaterais.
"Talvez seja essa a mensagem que Tony Blair quer passar quando se dispõe a deixar Downing Street", comenta o "Times".
Assim torna-se significativo que hoje, no mesmo jornal, o primeiro-ministro publique um artigo argumentando que o Reino Unido tem que construir novas usinas nucleares porque não pode contar com a Rússia como fornecedor de energia.
"Enfrentamos países como a Rússia, que estão dispostos a utilizar seus recursos energéticos como instrumento para fazer política", escreve o primeiro-ministro.
Enquanto isso, em um editorial muito matizado, o "Guardian" (de esquerda moderada) faz a mesma pergunta: quem se beneficiou com um assassinato como o de Litvinenko?
"Há poderosas razões econômicas, sem falar nas políticas, para que o assassinato de exilados na capital financeira da Europa não tenha sido algo que pudesse ser de interesse do Kremlin", publica o jornal.
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