Filha de ex-presidente desponta como favorita nas eleições de 2011
São Paulo - Agência Estado
A filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori, Keiko Fujimori, elegeu-se deputada em 2006 com a maior votação do país, cerca de 600 mil votos. Agora, planeja levar adiante o "fujimorismo" e tornar-se presidente do Peru, em 2011.
Pesquisas registram que Keiko aparece empatada com o atual prefeito de Lima, Luis Castañeda. O cientista político Julio Carrión, da Universidade de Delaware, nota que a candidata pode ganhar força em uma eventual disputa com o esquerdista Ollanta Humala, rechaçado por boa parte da população. Muitos atribuem parte do triunfo do atual presidente, Alan García, em 2006, à rejeição a Humala.
Para o analista Mirko Lauer, colunista do jornal La República, o fujimorismo deve perder força nos próximos anos. "É muito difícil que isso se transmita eleitoralmente", afirma.
Ele aponta a distância entre a aprovação ao governo de Fujimori, entre 25% e 30%, e a votação no fujimorismo, na faixa dos 6% para a presidência e de 12% para o Congresso. Pelo menos por enquanto, Keiko ultrapassa essa marca, pois aparece com 19% de intenções de voto.
O ex-presidente peruano Alberto Fujimori (19902000) sofreu um revés histórico nesta semana. Na terça-feira, Fujimori foi condenado pela Suprema Corte do Peru a 25 anos de prisão, por violações aos direitos humanos. Fujimori foi o primeiro presidente eleito democraticamente a ser condenado depois do mandato por violações aos direitos humanos em seu próprio país.
"Não há realmente precedentes desse tipo no continente para um ex-mandatário civil e isso é sumamente importante, porque pode servir de referência não só para a América Latina, mas para outras zonas do mundo, como Oriente Médio e África", aponta em entrevista por telefone o analista peruano Álvaro Vargas Llosa, diretor do Centro de Prosperidade Global do Independent Institute, um centro de estudos nos Estados Unidos.
Vargas Llosa ressalta a lisura com que foi conduzido o julgamento de 16 meses em que, segundo observadores internacionais, foi respeitado o devido processo legal e dada ampla possibilidade de defesa ao ex-presidente. "Não houve uma mancha política sobre o processo judicial."
Organizações como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch elogiaram a sentença. Fujimori, de 70 anos, foi condenado por autorizar a criação de um grupo paramilitar, o Colina, responsável por homicídios nos massacres de Barríos Altos (1991) e La Cantuta (1992). Também foi punido pelos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, ambos em 1992, realizados pelo Exército. Ele disse que pretende recorrer da sentença.
O analista político Mirko Lauer, colunista do jornal peruano La República, de Lima, também acredita que o julgamento pode abrir um precedente, principalmente para ex-ditadores latino-americanos.
Ele lembra que já houve decisões importantes na região, como o próprio caso da extradição de Fujimori do Chile para o Peru e os julgamentos contra militares da ditadura argentina.
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