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Justiça

Caso Jean: policiais se livram de acusação

Londres – A Promotoria britânica anunciou ontem que acusará a Polícia Metropolitana de Londres pela morte do brasileiro Jean Charles de Menezes em 22 de julho de 2005 no metrô de Londres, e não apresentará acusações individuais contra os agentes que atiraram.

Em uma decisão que decepcionou, por diferentes razões, tanto a Scotland Yard como os parentes da vítima, o promotor optou por acusar toda a instituição policial em virtude da lei de saúde e segurança no trabalho, de 1974. Segundo um porta-voz, os agentes não cumpriram essa legislação ao não garantir "a saúde, segurança e bem-estar" do brasileiro, quando foi atingido a tiros na estação de Stockwell (sul da capital) por policiais que o confundiram com um terrorista.

Após analisar o relatório da Comissão de Queixas à Polícia (IPCC) - que investigou o caso e, segundo a imprensa, recomendou acusações de homicídio –, o promotor concluiu que não há provas para apresentar acusações contra nenhum agente pela morte de Jean Charles. "Os dois agentes que deram os tiros fatais fizeram isso porque pensaram que (Jean Charles de) Menezes tinha sido identificado como um terrorista suicida", explicou em comunicado.

No entanto, a Promotoria reconheceu que "vários indivíduos" cometeram "erros de planejamento e comunicação" na operação "Kratos", implementada após os ataques fracassados de 21 de julho contra três comboios do metrô e um ônibus londrinos.

Na manhã de 22 de julho, Jean Charles saiu de um bloco de apartamentos vigiado no bairro de Tulse Hill e foi de ônibus até a estação de Stockwell, onde, identificado por engano como um dos supostos autores dos atentados da véspera, foi morto a tiros por agentes da brigada antiterrorista.

A família de Jean Charles disse ontem que foi "absolutamente incrível" a decisão da Promotoria de não acusar nenhum agente. Em entrevista coletiva, Alex Pereira - primo da vítima – considerou a decisão "vergonhosa", e lamentou que as autoridades tenham demorado tanto tempo para chegar a uma conclusão "tão incompetente".

Patrícia da Silva Armani, também prima do falecido, disse estar "indignada" com a decisão judicial e perguntou se não houve "encobrimento". "Trataram (Jean Charles) como um animal morto", disse, e lamentou que os policiais em nenhum momento tenham "levado em consideração a vida de Charles".

A Scotland Yard se mostrou "preocupada e claramente decepcionada" pela decisão do promotor de acusar a própria instituição pela morte do brasileiro, apesar de ter comemorado que os agentes não tenham sido acusados individualmente.

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