Entrevista com Anat Lapidot-Firilla, professora da Universidade Hebraica de Jerusalém.
A professora israelense Anat Lapidot-Firilla, do Centro de Estudos Estratégicos da Universidade Hebraica de Jerusalém, não hesita em criticar a ação militar israelense que resultou em mortos e feridos. Especialista no relacionamento entre Israel e Turquia, a professora acredita que o caso pode chegar à Corte Internacional de Haia.
Como o incidente com a flotilha vai influenciar a imagem de Israel no mundo?
Com certeza, a pressão sobre Israel vai aumentar, tanto em termos populares como em organizações e instituições internacionais como as Nações Unidas. O país vai passar a ficar ainda mais isolado. Com certeza, governos cujos cidadãos foram mortos ou feridos tentarão acionar Israel na Justiça internacional. Pode chegar até mesmo ao Tribunal Internacional de Haia.O comportamento de Israel foi, no mínimo, estúpido.
Que erros Israel cometeu?
Muitos! Não sei até que ponto o ministro da Defesa, Ehud Barak, entendeu que poderia atuar em águas internacionais, e dessa maneira. Ele tinha de saber que toda essa ação era parte de uma guerra de relações públicas, por isso tinha que ser respondida com relações públicas, e não militarmente. Infelizmente, Israel não consegue entender como o resto do mundo pensa.
Como ficará o relacionamento entre Israel e Turquia?
Vai piorar ainda mais. Há um estrago real no relacionamento entre os dois países, que já estava se corroendo nos últimos dois anos.
Pode chegar a uma guerra entre os dois países?
Não. É muito exagerado e cedo para pensar nisso. Os dois países não têm interesse ou motivação para isso, pelo menos neste momento. Os israelenses têm que entender que a política turca é muito clara, sistemática. A Turquia quer se estabelecer como a potência hegemônica da região, e Israel não gosta muito disso. Existe aqui uma luta de forças. O que a Turquia quer é se posicionar diferentemente no mundo como um ator internacional. E o esquema da Turquia com o Brasil e o Irã é a prova disso.
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