A corrupção está disparando na Itália, e as punições judiciais já não são mais uma dissuasão suficiente, disse nesta quarta-feira o Tribunal de Contas, alimentando um crescente debate sobre a moralidade na vida política.
O tribunal, que supervisiona e controla possíveis irregularidades nos gastos públicos, afirmou que o número de casos de corrupção subiu 229 por cento entre 2008 e 2009. O primeiro-ministro do país, Silvio Berlusconi, por exemplo, está sendo julgado por corrupção e fraude contábil, mas acusa os promotores de agirem sob motivação política.
"A corrupção é parte da nossa cultura, e o código jurídico não é mais suficiente", disse o presidente do tribunal, Tullio Lazzaro. "Precisamos de uma volta ao comportamento ético por parte de todos, e não vejo isso."
A Itália tem enfrentado diversos escândalos de corrupção nos últimos anos, não só na política, como também nas empresas e até no futebol. Vários parlamentares estão sob investigação ou já foram condenados.
O caso mais recente envolve a Defesa Civil, suspeita de direcionar contratos em troca de dinheiro e favores sexuais.
Muitos analistas dizem que a situação é parecida com a do começo da década de 1990, antes da chamada Operação Mãos Limpas, que derrubou a classe política que dominava a Itália desde a Segunda Guerra Mundial.
Falando a uma TV sobre as declarações de Lazzaro, o ministro da Indústria, Claudio Scajola, rejeitou o paralelo.
Para ele, as punições à corrupção precisam ser duras, mas é necessário também acelerar os procedimentos burocráticos "para que não haja a intenção das pessoas de corromperem as autoridades públicas" para obter licenças.
Segundo a Transparência Internacional, a Itália em 2009 ocupou o 63o lugar no seu ranking de integridade na vida pública, caindo oito colocações em relação a 2008 e ficando na penúltima posição entre os países da zona do euro, além de aparecer atrás de nações como Botsuana e Namíbia.
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