Havana Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, assinam hoje com o presidente cubano, Fidel Castro, um tratado comercial e passarão a somar a cidade de La Paz a um processo de integração oposto ao de Washington num momento de profunda crise na Comunidade Andina. Chávez e Morales estão acompanhados de ministros e outros altos funcionários, para subscreverem o Tratado Comercial dos Povos (TCP) uma iniciativa de contraposição aos Tratados de Livre Comércio estimulados pelos Estados Unidos.
Castro e Chávez assistirão, além disso, à adesão da Bolívia à Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA), uma resposta à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), preconizada pela Casa Branca.
A "minicúpula" socialista é vista com receio pelos governos e empresários da região, não tanto pelo tamanho do mercado a ser abrangido por esse triângulo de nações, mas porque ocorre quando a Comunidade Andina de Nações (CAN) tenta evitar que a Bolívia se retire, como anunciou a Venezuela. "É hora de olhar para outro lado", disse Morales durante a semana, ao expressar a esperança de que outros países aderissem ao novo acordo comercial, rejeitado pelos empresários de seu país.
Para a Bolívia, a saída da CAN afetaria sua vital exportação de soja. Morales se assegurou que a Venezuela absorveria o fluxo comercial desse produto: Chávez afirmou ontem, em Caracas, que seu país e Cuba vão adquirir toda a produção de soja boliviana, como parte dos acordos tripartites. "Cuba e Venezuela estão se comprometendo a comprar a um preço justo toda a soja que a Bolívia produzir e que agora não poderá colocar na Colômbia, por exemplo, porque Bogotá assinou um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos", disse Chávez.
A Bolívia exporta para Cuba produtos avaliados em apenas US$ 5 mil dólares anuais e, segundo Morales também poderia vender para o país o "quinua" cereal do altiplano e até mesmo a folha de coca.
A crise da CAN (Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), organismo subregional criado há 37 anos presidido atualmente por Caracas, se produz depois da assinatura de tratados por parte da Colômbia e do Peru com os EUA. Numa tentativa de salvar a CAN, Morales, que deve assumir a presidência do organismo em dois meses, pediu ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva que intercedesse no conflito. No entanto, o ministro boliviano da Economia, Luis Arce, declarou em Quito que seu país poderia seguir os passos da Venezuela, se Peru, Colômbia e Equador persistirem em seus tratados com os EUA. O Equador já disse que não aceitará suspender as suas negociações.
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