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Estudantes erguem bandeira pró-independência  Catalunha durante a manifestação | PAU BARRENA/AFP
Estudantes erguem bandeira pró-independência Catalunha durante a manifestação| Foto: PAU BARRENA/AFP

A prefeita de Barcelona, Ada Colau, liderou nesta quinta-feira (28) uma ofensiva diplomática para angariar apoio internacional ao referendo catalão de independência, previsto para o domingo (1º). Nesta quinta, milhares de estudantes se manifestaram em toda a região. Foram 16 mil em Barcelona, segundo as autoridades, incluindo alunos de ensino fundamental, médio e universitário.    

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As manobras surpreendem, pois a prefeita vinha mantendo um discurso contraditório. Ora apoiava a consulta, ora se recusava a pôr o aparato municipal à disposição para a votação. Seu próprio partido, o Catalunya en Comù, votou em julho contra a realização do plebiscito, algo que coloca ela em conflito com aliados. 

Ela chegou a publicar um artigo no jornal britânico "Guardian" pedindo a intervenção da Comissão Europeia (braço Executivo da UE) na disputa entre a Catalunha e o governo central espanhol, sediado em Madri. Barcelona é a capital catalã. Ela disse em seu texto que estão em risco "os direitos e liberdades fundamentais" e insistiu na necessidade de um espaço de mediação. Ainda pediu a prefeitos de capitais europeias para transmitir a sua "preocupação pela gravidade dessa situação", segundo o jornal espanhol "El País".  

A prefeita disse que a questão catalã se tornou a crise territorial mais grave da União Europeia - um bloco que viu, em junho de 2016, o Reino Unido votar por sua separação, e onde os escoceses também tentaram ser independentes em 2014. Seu gesto repete aquele do presidente catalão, Carles Puigdemont, que também já apelou à Comissão Europeia por algum tipo de mediação. 

Raul Romeva, chefe das relações exteriores da Catalunha, disse também na quinta-feira que a União Europeia precisa intervir. "Pedimos que as instituições da União Europeia apoiem seus valores e princípios", disse a repórteres em Bruxelas. "Direitos civis estão sendo violados e a qualidade da democracia na Espanha está desgastada."  

Uma mesma mensagem foi dita à reportagem pelo secretário-geral da chancelaria catalã, Alberto Royo. "Esperamos que a comunidade internacional reaja à repressão aqui na Catalunha. É algo que vemos na Turquia, e ali há condenação internacional."  

A Comissão Europeia, por sua vez, tem mantido silêncio sobre essa complexa questão, que ainda enxerga como uma disputa interna. 

Embate 

A Catalunha, uma região espanhola com algum grau de autonomia, incluindo sua própria polícia e Parlamento, quer se separar por completo da Espanha - razão para o plebiscito deste domingo.  

Mas o governo central, em Madri, diz que a consulta é irregular. A lei aprovada por legisladores catalães foi considerada ilegal pelo Tribunal Constitucional espanhol. Simpatizantes à independência, ou ao menos ao direito de votar, têm ido às ruas na Catalunha para protestar contra os obstáculos erguidos pelo governo.  

Ambição política  

A participação da prefeita Colau na crise catalã é marcada por idas e vindas, e por uma aparente preocupação em não desagradar nem o governo central, nem as fileiras independentistas.  

Vinda de movimentos pelo direito à habitação, no contexto da crise financeira de 2008, ela se uniu em 2014 à plataforma Barcelona en Comù, que coliga diversos partidos, como a Esquerra Unida -um dos motores deste plebiscito- e o Podemos.  

Colau foi eleita prefeita de Barcelona nas eleições de maio de 2015, em que conseguiu eleger 11 conselheiros municipais de um total de 41, ou seja, uma minoria. O apoio do governo catalão foi instrumental para que ela chegasse até a prefeitura.  

No ano seguinte, Colau reuniu outras forças de esquerda e criou o partido Catalunya en Comù, que em julho votou contra o plebiscito.  

Desde que o plebiscito começou a ser organizado, Colau apresentou posições díspares, dizendo que não ajudaria a organizá-lo e, depois, que faria o que fosse preciso para apoiar sua realização.  

Analistas entendem que sua estratégia seja evitar atritos e mirar no cargo de presidente catalã e, eventualmente, de premiê espanhola -posto ocupado hoje pelo conservador Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular).  Ela tem também uma relação próxima com o atual presidente catalão, o ex-jornalista Carles Puigdemont.  

Ele representa o PDeCAT (Partido Demócrata Europeo Catalán), de centro-direita, criado em 2016 como sucessor da Convergència i Unió, que governou a Catalunha no passado. Ele foi eleito à Generalitat -nome do governo catalão - no mesmo ano.

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