A tourada se tornou mais um elemento a diferenciar a Catalunha da Espanha, que a tem como um de seus símbolos mais conhecidos. Ontem, o Parlamento catalão baniu a tradição a partir de janeiro de 2012.
A decisão desencadeou nova onda de críticas à Catalunha em outras regiões espanholas, semanas após o conflito de sentimentos nacionalistas ter recrudescido com a derrubada do Estatuto catalão e a vitória da Espanha na Copa.
"Buscar a diferença à custa da liberdade é inaceitável, disse o líder da oposição do país, Mariano Rajoy.
Num indicativo de como a questão dos toros atravessa as fronteiras políticas, o presidente da Generalitat (o Executivo catalão), José Montilla, socialista assim como o governo espanhol, defendeu a mesma posição que Rajoy: votou contra o banimento.
Acabou derrotado pelos votos da CiU, o maior partido do Parlamento, de tendência nacionalista. Ao fim da sessão, Montilla se apressou em pedir que não se considerasse a decisão como mais um ponto de confronto entre a Espanha e a Catalunha.
O veto foi aprovado com 68 votos a favor e 55 contra. O placar remete à divisão que existe na opinião pública da região, já que uma pesquisa feita neste ano indicou leve vantagem do grupo antitaurino (43% a 36%).
Mas os que viam hipocrisia ou objetivo político no veto apontavam o dedo para o fato de não terem sido banidos os "correbous, uma tradição local. Nela, o touro é solto na rua e desafiado por pessoas, e não por toureiros, e não é necessariamente morto ao final. A decisão de não incluí-los no projeto se deveu a que afetaria a tradição de povoados do interior catalão.
As touradas eram um alvo mais fácil. Vinham em decadência na Catalunha. Existe uma única arena em funcionamento na região, a Monumental de Barcelona, que frequentemente só não fica às moscas nas touradas dominicais graças aos turistas.
Mais rica das 17 Comunidades Autônomas espanholas, a Catalunha se tornou a primeira parte da Espanha continental a adotar tal medida. Os defensores das touradas falam em questionar a decisão no Tribunal Constitucional, o mais importante da Espanha.
É "uma ofensiva nacionalista, uma provocação e uma vingança", afirmou Jaime Mayor Oreja, eurodeputado do opositor Partido Popular (PP, direita) e ex-ministro do Interior.
A proibição "nada tem a ver com proteção do meio ambiente nem com os maus-tratos dos animais", mas busca "romper laços entre a Catalunha e o resto da Espanha", afirmou a presidente regional de Madri, Esperanza Aguirre.
Os defensores franceses das corridas somaram suas vozes a essa tese.