O incêndio que destruiu parcialmente a Catedral de Notre-Dame foi declarado extinto pelas autoridades francesas cerca de 15 horas depois de ter começado. Agora, a estabilidade da construção está sendo avaliada.
"O risco de incêndio acabou, agora a preocupação é com o próprio edifício", disse o vice-ministro do Interior, Laurent Nunez, na terça-feira (16) de manhã, depois de visitar o monumento gótico de 850 anos.
No início da manhã, os bombeiros ainda estavam trabalhando para refrigerar o prédio, enquanto militares e policiais patrulhavam a área. Mais tarde, o porta-voz do corpo de bombeiros de Paris, Gabriel Plus, anunciou que as chamas tinham sido totalmente suprimidas.
De certos ângulos, era quase possível olhar de frente para a igreja e ver suas janelas de rosas seculares e estátuas esculpidas e imaginar que tudo estava intacto. Mas de qualquer outro ângulo ficava evidente a devastação. O telhado estava queimado e havia uma ausência dolorosa onde o pináculo estivera. Vigas do telhado de madeira que pareciam eternas agora eram como palitos de fósforo usados.
Engenheiros, arquitetos e bombeiros estão avaliando o dano estrutural nesta terça-feira, mas as autoridades advertiram que ainda não sabem a extensão da catástrofe.
"O que é necessário agora é examinar a estrutura para determinar se o prédio é estável", disse o ministro do Interior francês, Laurent Nuñez, ao canal francês BFMTV.
O presidente da França, Emmanuel Macron, na noite de segunda-feira (15), prometeu reconstruir a catedral depois que ela foi devastada pelo incêndio, deixando a França em choque com os extensos danos a um dos marcos mais emblemáticos do país. Macron também pediu doações e disse que usaria os melhores talentos do mundo para a reconstrução da catedral, que levará anos, se não décadas.
A região de Paris desbloqueou 10 milhões de euros (R$ 43,7 milhões) em financiamento emergencial. A família Pinault do proprietário da Gucci, Kering, anunciou que estava doando 100 milhões de euros e a família Arnault, que controla a LVMH (Louis Vuitton), prometeu 200 milhões de euros.
Investigação
O incêndio durou mais de quatro horas antes de Macron declarar que as duas torres de sinos e a fachada haviam sido salvas. As chamas haviam engolido o telhado, serpenteando a torre ornamentada antes que ela desmoronasse quando a fumaça subiu no horizonte noturno da capital francesa. Mais de 400 bombeiros lutaram contra o fogo.
A causa do incêndio ainda é desconhecida. Os promotores de Paris abriram uma investigação não criminal na noite de segunda-feira, um passo rotineiro em um incidente tão grave.
Investigadores disseram que atualmente não suspeitam de crime.
"A investigação preliminar sugere uma hipótese acidental", disse o promotor Rémy Heitz, acrescentando que não há indicações de que o incêndio tenha sido iniciado deliberadamente. Ele deixou claro que a investigação estava apenas começando, quando as autoridades entraram cautelosamente no interior devastado da capela. O fogo parece ter começado sob o andaime que envolvia o exterior da nave da igreja, que estava em reforma.
Tesouros
Algumas das obras de arte centenárias e relíquias da catedral foram removidas por bombeiros, segundo a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. No começo da terça-feira, porém, ainda não estava claro o que exatamente havia sido retirado de dentro da igreja.
O ministro da Cultura, Franck Riester, disse que muitas obras de arte de valor inestimável na catedral foram salvas e que o órgão de Notre-Dame sobreviveu. Ele também confirmou relatos preliminares de bombeiros de que eles conseguiram salvar as duas relíquias mais consagradas da igreja: uma túnica usada por São Luís, rei francês do século XIII, e a coroa de espinhos que Jesus teria usado.
A igreja histórica, localizada em uma das duas ilhas no meio do rio Sena, já sobreviveu a um bombardeio alemão de longo alcance durante a Primeira Guerra Mundial e foi poupada de danos durante a Segunda Guerra Mundial.
O incêndio devastou um centro do catolicismo francês onde alguns dos eventos históricos da nação foram celebrados. A construção começou no século 12, embora as estruturas atuais são principalmente o resultado de reformas realizadas no século 19, após danos causados durante a Revolução Francesa.