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Nova gestão

Católica, pró-vida e antifeminista: quem é Victoria Villarruel, a nova vice-presidente da Argentina

Victoria Villarruel, vice-presidente eleita da Argentina, cumprimenta apoiadores durante comício em Buenos Aires (Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni)

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Uma vitória histórica do libertário Javier Milei, da pequena coligação a Liberdade Avança, desbancou o peronismo do poder na Argentina no último domingo (19) e abriu caminho para um novo governo, que toma posse no dia 10 de dezembro.

Entre os nomes que compõem a nova presidência argentina, está o de Victoria Villarruel, a vice-presidente escolhida pela chapa de Milei. A deputada, de 48 anos e que foi uma das principais influências da campanha do libertário, agora terá sob sua gestão as áreas de Defesa e Segurança do país.

O novo cargo na Casa Rosada também a coloca na posição de "número 2" de Estado, portanto, será a sucessora de Cristina Kirchner à frente do Senado argentino e substituirá Milei em hipóteses estabelecidas pela Constituição federal.

Nascida na cidade de Buenos Aires, Villarruel é formada em Direito na Universidade de Buenos Aires (UBA) e é técnica em Segurança Urbana e Portuária pela Universidade Tecnológica Nacional. .

Desde 2021, é deputada nacional, juntamente a Javier Milei, com quem inaugurou a minoritária bancada da Liberdade Avança.

Do início da campanha até o momento, defendeu uma agenda de “reconstrução de parte da história argentina", segundo ela, afetada pelos governos de Néstor Kirchner (2003- 2007), Cristina Kirchner (2007-2015) e Alberto Fernández (2019-2023).

Villarruel ficou conhecida na política por suas posições ligadas ao período militar da Argentina. Ela, que pertence a uma família de militares, fundou a Associação Civil Centro de Estudos Legais sobre o Terrorismo e suas Vítimas (da sigla em espanhol Celtyv) e defende uma revisão da atual política de indenizações a famílias de vítimas do regime militar.

A organização, criada em 2006, defende a reparação para as vítimas dos grupos guerrilheiros Montoneros e Exército Revolucionário do Povo (ERP), que atuavam no país no anos 1970 com ideais de esquerda ligados ao peronismo e trotskismo.

Em entrevistas à imprensa argentina, a deputada afirmou que é preciso conhecer a chamada "memória completa daquele momento do país" e não apenas condenar militares e policiais pelos crimes cometidos durante o período. Para ela, é necessário equiparar as ações dos militares às dos guerrilheiros de esquerda, classificados por Villarruel como terroristas pelos atentados cometidos naqueles anos.

A nova vice-presidente da Argentina é católica e, assim como Milei, se posiciona contra o aborto. Ela já manifestou interesse em realizar alterações na lei que permite o procedimento até a 14ª semana de gestação no país, aprovada em 2020.

Villarruel, de perfil mais conservador se comparada ao libertário, também é crítica de pautas feministas e ideologias de esquerda que, segundo ela disse ao El País, "discriminam homens e mulheres e privilegiam alguns em detrimento de outros".

“Os progressistas nos impuseram a ditadura do politicamente correto e nos olham do seu duvidoso pedestal de superioridade moral enquanto nos silenciam”, disse a deputada.

Suas propostas

Durante a campanha dos últimos meses, a deputada anunciou o desejo de aumentar o orçamento das áreas de Defesa e Segurança em 2% do PIB, estimado pelo Banco Mundial em US$ 632,7 bilhões (R$ 3 trilhões).

Ainda na área de Segurança, um dos maiores desafios para os governos argentinos, Villarruel defende um trabalho de cooperação entre os diferentes níveis das forças militares na luta contra o crime organizado, especialmente o tráfico de drogas.

Victoria Villarruel também é um importante elo para o libertário nas relações internacionais. De acordo com o site Infobae, ela facilitou o contato com representantes da direita de outros países, como o Vox, na Espanha, os republicanos aliados do ex-presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, e apoiadores de Jair Bolsonaro, no Brasil.

Ao jornal espanhol El País, ela afirmou que defende "o direito à vida porque a vida começa na concepção". "Assim como tive o direito de nascer, quero que qualquer outro ser humano possa tê-lo, independentemente de ser desejado ou não. Não é uma questão de religião, é pura biologia e aqueles que a negam vivem num obscurantismo que custa vidas inocentes”, afirmou.

No discurso de vitória, a vice-presidente eleita agradeceu os eleitores da coligação, que derrubaram a hegemonia de esquerda na Argentina. “Obrigado a todos os argentinos que, apesar dos obstáculos, escolheram a liberdade e um futuro para si e para seus filhos. Com Javier Milei, sentimos uma profunda honra em representá-los e caminhar com vocês nos próximos anos”, afirmou.

O novo governo, liderado por Milei, ainda não anunciou todos os nomes que integrarão a nova gestão. O libertário e sua vice foram eleitos no segundo turno deste domingo (19) com 55% dos votos, contra 44% do peronista Sergio Massa.

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