A Igreja Católica da Alemanha anunciou na terça-feira a criação de uma linha direta especial para vítimas de abuso infantil. Além disso, uma nova pesquisa indicou que o escândalo dos abusos poderá custar a saída de membros da Igreja.
O bispo Stephan Ackermann, que fala sobre os casos de abuso sexual para a Conferência dos Bispos da Alemanha, afirmou que a linha direta é parte de um esforço da Igreja para lançar luz sobre os abusos e fazer os perpetradores prestarem contas.
"Faremos todo o possível para garantir que os casos de abuso sexual na Igreja Católica nunca mais ocorram", disse ele numa entrevista coletiva em Trier, no oeste da Alemanha.
"O abuso infantil é um crime terrível", acrescentou ele.
A Alemanha seguiu os passos da Irlanda, da Áustria e da Holanda ao criar linhas diretas para vítimas de abuso da Igreja. Nos últimos meses, uma série de acusações de abuso físico e sexual cometido por padres emergiu nesses países.
Na Alemanha, mais de 250 católicos denunciaram supostos casos de abuso, a maioria deles ocorridos nos internatos católicos várias décadas atrás.
O Vaticano negou que o papa de origem alemã Bento 16 tenha se envolvido numa decisão, quando arcebispo de Munique em 1980, de permitir a volta ao trabalho de um padre que se submetia a terapia por abuso sexual.
O irmão do papa, Georg Ratzinger, também admitiu aplicar castigos corporais quando era professor numa escola alemã.
O escândalo que aumenta a cada dia poderá afetar a filiação à Igreja, de acordo com uma pesquisa Forsa para a revista Stern, que indicou que 19 por cento dos estimados 25 milhões de católicos da Alemanha consideravam deixar a Igreja em resposta ao escândalo de abuso sexual.
Além disso, apenas 31 por cento dos alemães descreveram o trabalho do papa como bom ou muito bom, despencando dos 70 por cento registrados em abril de 2007.
Andreas Zimmer, diretor de serviços de aconselhamento para a diocese, disse que a linha direta poderia indicar um advogado às vítimas adultas, que podem permanecer anônimas. A linha direta é exigida para denunciar casos envolvendo crianças às autoridades.
"As vítimas precisam decidir se querem denunciar algo. Não somos uma linha direta de investigação. Somos uma linha direta de aconselhamento", afirmou Zimmer.