Lisboa (Das agências internacionais) Aníbal Cavaco Silva é o novo presidente português. Como se esperava, o candidato de centro-direita venceu ontem as eleições presidenciais, logo no primeiro turno, com 50,7% de votos, apurados 90% dos votos.
Quanto aos seus adversários, Manuel Alegre, que concorreu como independente, garantiu o segundo lugar, com 20,7%, e deixou o candidato do Partido Socialista, Mário Soares, a uma distância razoável, com 14,2%. Ainda no que diz respeito aos duelos à esquerda, Jerônimo de Sousa, do Partido Comunista Português (PCP), venceu o combate com Francisco Louçã, candidato do Bloco de Esquerda (BE), com 8,6% contra 5,3%.
Assim que foram conhecidas as primeiras projeções fornecidas pelas emissoras de tevê e que davam Cavaco Silva como próximo presidente, ouviram-se gritos de euforia e aplausos na sala Camoy do Centro Cultura de Belém, onde estavam instaladas as comissões política e de honra e demais convidados da candidatura.
A esquerda apresentou-se dividida na corrida eleitoral, com quatro candidatos principais. O PS apostou forte no seu líder histórico, Mário Soares, com 81 anos. O candidato não reunia o consenso em seu partido, o que levou Manuel Alegre, escritor e deputado do mesmo partido, a também concorrer à chefia do Estado.
Casado e professor catedrático, Aníbal Cavaco Silva, 67 anos, é graduado em Finanças e foi ministro das Finanças de Sá Carneiro em 1980, antes de chegar à liderança do PSD, em 1985, para então vencer as eleições e ser premier durante dez anos. É recordado como um forte líder político, rigoroso e com capacidade de decisão. No entanto, poucos parecem lembrar a sua faceta autoritária, ao, por exemplo, recusar-se a assinar, em 1993, a portaria que concedia o feriado de carnaval, motivando a mais generalizada desobediência civil de que se tem notícia no país. Portugal tem agora um governo socialista, com José Sócrates, e um presidente de centro-direita. Essa aparente contradição foi desejada pelos portugueses.