Beto O'Rourke, ex-congressista democrata do Texas que em menos de dois anos passou de desconhecido a celebridade nacional, anunciou na quinta-feira (14) que vai concorrer à presidência dos Estados Unidos em 2020.
Em um vídeo divulgado na quinta-feira, O'Rourke usou o mesmo tom otimista que foi sua marca durante a campanha contra o atual senador Ted Cruz, durante as eleições de meio de mandato no ano passado. Apesar de ter perdido para Cruz, por pouco, ele conquistou seguidores em todo o país, apoiado por uma grande captação de recursos.
"Os desafios que enfrentamos agora, as crises interconectadas em nossa economia, nossa democracia e nosso clima nunca foram tão grandes, e eles ou nos consomem ou nos proporcionarão a maior oportunidade de libertar o gênio dos Estados Unidos da América", disse ele. "Em outras palavras, este momento de perigo produz talvez o maior momento de promessa para este país e para todos dentro dele".
A decisão de O'Rourke, há muito esperada por outros aspirantes democratas, acrescenta outro elemento imprevisível às primárias democratas. O texano mostrou que pode gerar atenção, atrair doações e criar uma excitação considerável. Além disso, sua candidatura pode atrair votos dos centristas do partido, tendo em vista a inclinação à esquerda das figuras proeminentes que vão concorrer ao pleito, como o senador Bernie Sanders. Ainda assim, O'Rourke não foi testado no cenário nacional.
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Popularidade
O'Rourke ganhou atenção nacional pela primeira vez em março de 2017, quando ele e o deputado republicano Will Hurd percorreram mais de 2.500 quilômetros juntos, de San Antonio (Texas) a Washington, depois que uma tempestade de inverno cancelou voos no país. Centenas de milhares de pessoas assistiram a um vídeo ao vivo da "viagem bipartidária" da dupla.
Duas semanas depois, O'Rourke anunciou que concorreria ao Senado dos EUA, desafiando Cruz e prometendo levar "compaixão e humanidade" a Washington. Ele tentou apelar não apenas aos liberais que viviam nas maiores cidades do Texas, mas também aos independentes e conservadores que estavam consternados com as políticas republicanas, especialmente no que se refere ao tratamento de imigrantes e refugiados sem documentos.
Carreira
O'Rourke, de 46 anos, foi político durante boa parte de sua vida adulta. Ele cresceu em El Paso, onde sua mãe administrava uma loja de móveis e seu pai era político. Frequentou um internato de elite para meninos na Virgínia durante seus anos de colegial, depois se formou na Universidade de Columbia. Ele acabou voltando para casa em El Paso, onde iniciou uma empresa de serviços e software de internet.
O'Rourke foi eleito para o Conselho da Cidade de El Paso em 2005, com foco em reconstruir o centro e melhorar o transporte público. Ele é coautor de um livro sobre o tráfico de drogas e pediu a legalização da maconha como forma de diminuir o poder dos cartéis de drogas mexicanos.
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Em 2012, O'Rourke desafiou o parlamentar democrata de longa data de El Paso, Silvestre Reyes, nas primário do partido e venceu por pouco, apesar de Reyes ter contado com o apoio do então presidente Barack Obama e outros líderes proeminentes do partido. Para vencer, disse O'Rourke, ele bateu em tantas portas quanto pôde e ouviu as pessoas – uma estratégia que ele tentou replicar ao concorrer ao Senado.
O apelido "Beto" foi questionado por seus opositores durante a campanha contra Cruz, porque ele não possui origem hispânica. O'Rourke, cujo nome é Robert, explicou que o chamam de Beto desde criança. Os aliados de Cruz também chamaram a atenção para a prisão de O'Rourke em 1998 por dirigir embriagado.
Durante a campanha para o Senado, O'Rourke rotineiramente criticava os líderes do Partido Democrata e buscou se distanciar dos rótulos políticos. Ele arrecadou mais de US$ 80 milhões, em grande parte em pequenas doações - um recorde para um candidato do Senado. Cerca de um mês antes da eleição, O'Rourke realizou um show gratuito em Austin com a lenda da música country Willie Nelson, que atraiu 55 mil pessoas, superando o número de pessoas que Trump atraiu para seus comícios durante a campanha de 2016. Apesar disso, O'Rourke perdeu para Cruz por menos de três pontos percentuais, uma derrota devastadora para ele, que achou que venceria, de acordo com pessoas próximas.
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