Houve um tempo, não tão distante, em que na Turquia havia tantos tabus que era sempre necessário medir as palavras. Curdistão? Não, Sudeste de Anatólia. Curdo? Não, turcos das montanhas. Genocídio armênio? Não existiu nenhum genocídio, foi um conflito civil.

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“Cite algum historiador que demonstra a existência do genocídio armênio, eu não conheço nenhum”, exigia com veemência um antigo embaixador de Ankara em Madri a quem se atrevia a escrever o termo proibido.

A Turquia mudou desde então. Os deputados curdos reclamam um autogoverno agora na Assembleia legislativa e um islamista preside o Estado laico, mas o debate sobre a matança de 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial não evoluiu.

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Cada vez que a diáspora armênia consegue introduzir em algum parlamento ocidental uma moção sobre o reconhecimento e condenação das matanças sistemáticas há um século, a diplomacia de Ancara se mobiliza para jogar a carta de represálias comerciais. Razões de peso que levam sempre Washington e Paris a frear estas iniciativas, apesar das pressões de influentes comunidades armênias em seus próprios países.

Milhares de civis armênios foram assassinados ou doutrinados pelo regime otomano entre 1915 e 1916. Além disso, milhares de armênios foram deslocados para zonas desérticas em Síria e Líbano.