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Um roubo em massa em Los Angeles, no sul da Califórnia, Estados Unidos, no último dia 15, apresenta as consequências da política de enfraquecimento da polícia em estados democratas. Ao promulgar uma lei que transforma furtos abaixo de 950 dólares (cerca de 4.860 reais) em “contravenção” e cortando o orçamento destinado ao policiamento, o estado criou um grande estímulo para pessoas com más intenções, que agora agem sem medo de ir para a prisão.
Depois de fazer manobras de "cavalo de pau", dando voltas com os veículos, suspeitos invadiram uma loja de conveniência 7-Eleven e roubaram alimentos, bebidas, cigarros e bilhetes de loteria. As câmeras de segurança mostram parte dos assaltantes jogando objetos contra os funcionários e vandalizando a loja.
Os saqueadores então saíram do estabelecimento e fugiram para os estacionamentos e ruas ao redor, dispersando-se rapidamente. Uma situação que não encontramos nem nas cidades mais violentas do Brasil e mundo afora em tempos de paz. Não foi a primeira vez que um crime como esse aconteceu na Califórnia.
Em novembro do ano passado, por exemplo, diversas lojas da rede Nordstrom foram invadidas por multidões de saqueadores, deixando centenas de milhares de dólares em danos e mercadorias roubadas.
A proposição 47, aprovada em 2014, pretende diminuir a superlotação carcerária e foi reforçada durante a pandemia de coronavírus, para evitar maior circulação de presos e de vírus nas cadeias. A resolução liberou cerca de 30 mil presos até 2021.
Em meio ao caos, diretores de grandes lojas pediram apoio ao Congresso americano em dezembro de 2021. "Os principais varejistas estão preocupados com o crescente impacto que o crime organizado do varejo está tendo nas comunidades que orgulhosamente atendemos", dizia a carta, enviada pela Associação de Líderes da Indústria de Varejo aos congressistas.
De acordo com o professor de Relações Internacionais e diretor do Centro de Estratégia, Inteligência e Relações Internacionais (CEIRI), Marcelo Suano, os “estados democratas estão apresentando uma forma de organizar a sociedade em que as instituições são fragilizadas e flexibilizadas, e a consequência disso é a violência”, alertando para o fato de que países de esquerda da América Latina, como Argentina, Chile e Colômbia, estão seguindo o mesmo caminho.
Desinvestimento na polícia em estados e cidades democratas
Antes de chegar a essa situação, líderes de grandes empresas, mobilizados pela ideologia “woke”, de “lacração”, levantaram bandeiras pelo desinvestimento na polícia. "Muitos líderes corporativos aderiram à onda e passaram grandes cheques para organizações que ainda continuam a defender a retirada de recursos da polícia. Eles não pensaram em nada além de não serem rotulados de racistas", disse Sean Pritchard, presidente da Associação de Oficiais de Polícia de San Jose.
Após a morte de George Floyd, em 2020, protestos no mundo inteiro pediram a diminuição do poder e do efetivo da polícia. Por isso, deputados e senadores democratas apresentaram, duas semanas depois do crime, um projeto de reforma da polícia dos Estados Unidos. Em seguida, cidades democratas, em sua maioria, diminuíram o orçamento destinado à polícia.
Rapidamente, o Conselho Municipal de Minneapolis, no estado de Minnesota, aprovou o desinvestimento na segurança da cidade. Na época, o comunicado do órgão foi o seguinte: "Nós não sabemos como seria um futuro sem polícia, mas a nossa comunidade sabe".
Com o corte de verbas para a polícia, em menos de um ano a taxa de homicídios em Minneapolis subiu 30%, segundo um estudo feito pela Arnold Ventures, uma entidade sem fins lucrativos. Foram quase 1270 mortes a mais, em um período em que outros crimes caíram naturalmente por causa da pandemia, como o furto a residência e os delitos relacionados a drogas.
O democrata Bill de Blasio, ex-prefeito de Nova York, também cedeu à pressão dos movimentos sociais e anunciou que parte dos cerca de seis bilhões de dólares destinados ao policiamento da cidade seria revertida para projetos sociais. Como consequência, as taxas de homicídio aumentaram 9,2% nos últimos dois anos, segundo o Departamento de Polícia de Nova York. Os furtos tiveram um aumento superior a 50% por ano desde 2020.
De acordo com o Instituto Hoover, depois do desinvestimento na polícia, a taxa de homicídios na Califórnia aumentou 31%. Especificamente em Los Angeles e São Francisco, o salto foi de 40% e 35%, respectivamente. E, de acordo com a Associação Comercial da Califórnia, a capital, Sacramento, Los Angeles e São Francisco estão entre as dez cidades americanas que mais registram furtos.
A busca por fazer as empresas serem bem aceitas pelos ativistas “woke” também custou caro para os lojistas. Grandes redes de varejo, como Target e Walgreens fecharam algumas unidades na Califórnia e diminuíram o horário de funcionamento de outras um ano após essas mobilizações. No total, as mudanças mexeram com quase 700 lojas das duas marcas no estado. A Walgreens justificou as alterações apontando que a quantidade de furtos nos estabelecimentos da empresa subiu 52% de 2020 para 2021, uma perda de 65 milhões de dólares (330 milhões de reais).
Em entrevista à filiada da ABC News em São Francisco, um dos seguranças de uma loja da Walgreens explicou que os funcionários acabavam não se envolvendo nas situações de furto porque não tinham poder de polícia e a rede temia processos judiciais caso funcionários ou clientes saíssem feridos.
Em artigo publicado pelo periódico americano City Journal, Michael Lucci, pesquisador do Cicero Institute, trata desse modelo de enfraquecimento da polícia e de outras instituições no governo do democrata Gavin Newsom.
“Newsom quer que os americanos acreditem que ele descobriu a solução na Califórnia e que o novo modelo americano de liberdade é progressista”, destaca o pesquisador. Ele ressalta que esse formato de gestão levou 11.500 californianos a migrarem para o estado republicano da Flórida, segundo dados do Imposto de Renda americano.