A China deve aprofundar as reformas para aperfeiçoar sua economia de mercado e reforçar o Estado de direito, disse o chefe do Partido Comunista, Xi Jinping, em Guangdong, ecoando declarações revolucionárias do líder reformista Deng Xiaoping feitas na mesma província há 20 anos.
O pedido de Xi por reforma foi relatado nesta segunda-feira, coincidindo com uma aparente flexibilização das restrições de busca na Internet que eram usadas pelo partido de forma enérgica para suprimir informações que pudessem ameaçar o regime de partido único.
O maior serviço de microblogs da China desbloqueou a pesquisa para nomes de vários líderes políticos importantes, em um possível sinal de controles mais amenos um mês depois de novas autoridades terem sido nomeadas para liderar o partido governista.
Buscas no popular Sina Weibo, parecido com o Twitter, pelo chefe de partido Xi Jinping, pelo vice-primeiro-ministro Li Keqiang e por outros líderes --termos que há muito tempo estavam barrados sob as rígidas regras de censura-- revelaram listas detalhadas de reportagens e comentários de usuários.
As declarações de Xi sobre a economia foram feitas no domingo durante uma viagem a Guangdong, onde ele prestou homenagem a Deng, cuja visita em 1992 marcou o início de um era de reforma e crescimento econômico.
"O governo quer avaliar as questões que estão sendo levantadas e quer aperfeiçoar o sistema de economia de mercado... aprofundando as reformas, e resolver as questões reforçando o Estado de direito", disse Xi segundo a agência estatal de notícias Xinhua.
Especialistas dizem que a menos que a liderança do partido obcecada pela estabilidade não aprove as reformas hoje paralisadas, o país corre o risco de sofrer problemas econômicos e agitações sociais que podem ameaçar sua permanência no poder.
Ainda era cedo demais para detectar uma mudança na censura, mas Zhan Jiang, professor da Universidade de Estudos Internacionais de Pequim, disse que os sinais eram bons.
"As coisas estão mudando discretamente, e combina com o que Xi Jinping disse antes -- alcançar progresso e mudança de maneira estável", disse Zhan.
Vários termos de busca pelo primeiro-ministro Wen Jiabao, que está no centro de reportagens recentes do New York Times sobre a suposta fortuna acumulada por sua família durante seu governo, ainda estavam bloqueados na segunda-feira.
Os sites da mídia social chinesa representam o único desafio aos líderes do partido, cujo objetivo principal é manter o controle político enquanto ao mesmo tempo permitem às pessoas reclamarem.
Analistas vêm procurando sinais de que os novos líderes da China possam conduzir o país para um caminho de reforma política. Muitos esperavam ao menos uma amenização temporária da censura depois do 18o Congresso do Partido.
"Um controle excessivamente rígido da Internet só vai piorar as coisas", disse Hu Xingdou, professor no Instituto de Tecnologia de Pequim. "Então precisamos permitir que as pessoas falem e expressem seu descontentamento".
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura