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Desfile militar na Praça da Paz Celestial, em Pequim, na última sexta-feira (31)
Desfile militar na Praça da Paz Celestial, em Pequim, na última sexta-feira (31)| Foto: EFE/EPA/TINGSHU WANG

O Massacre da Praça da Paz Celestial completará 35 anos nesta terça-feira (4), com a habitual repressão da China para impedir qualquer menção à data e a proibição em Hong Kong de sua tradicional vigília de homenagem às vítimas.

Dessa forma, Taiwan será o único território de língua chinesa a lembrar o episódio com um evento no centro da cidade.

A ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou nesta segunda-feira (3), a partir de sua sede em Nova York, que as autoridades chinesas “novamente se anteciparam à lembrança” para “tentar apagar a memória do massacre”.

Zhan Xianling, uma das fundadoras das Mães da Praça da Paz Celestial, grupo que reúne os parentes das vítimas, está “sob vigilância policial no exterior de sua casa”, assim como outros ativistas ligados aos protestos, como Pu Zhiqiang, um advogado de direitos humanos que foi representante estudantil em 1989, disse em comunicado a HRW.

Nos últimos dias, os Defensores dos Direitos Humanos da China (CHRD) pediram novamente esclarecimentos sobre o que aconteceu na noite de 3 para 4 de junho de 1989, quando soldados e tanques do Exército de Libertação do Povo Chinês invadiram a Praça da Paz Celestial, na região central de Pequim.

Centenas de milhares de estudantes e trabalhadores estavam se manifestando há semanas pelo fim da corrupção e por uma maior abertura política.

O número de mortos na repressão militar ainda é desconhecido e varia de centenas a milhares, dependendo da fonte.

De acordo com Maya Wang, diretora para a China da HRW, “Pequim não conseguiu apagar as chamas da memória daqueles que arriscaram tudo para promover o respeito aos direitos humanos no país”.

Veto em Hong Kong

Por mais de três décadas, milhares de pessoas se reuniram no famoso parque Vitória de Hong Kong para homenagear pacificamente e à luz de velas as vítimas da repressão na Praça da Paz Celestial, uma tradição que foi realizada pela última vez em 2019 e agora foi substituída por um “carnaval” organizado por grupos pró-Pequim.

O grupo organizador dessas vigílias anuais, a Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Patrióticos Democráticos da China, foi dissolvido em setembro de 2021 após a prisão de seus principais líderes - acusados de incitar a “subversão” - e as autoridades não permitem mais essa celebração, citando a necessidade de “salvaguardar a segurança nacional” na ex-colônia britânica.

Nos últimos dias, às vésperas do dia em lembrança ao massacre, a polícia prendeu oito pessoas - a última nesta segunda-feira -, incluindo um ex-organizador da vigília que está atualmente na prisão, por supostamente fazer publicações sobre a data “com conteúdo sedicioso incitando o ódio”.

Essas foram as primeiras prisões conhecidas de acordo com uma nova lei de segurança nacional aprovada em março pelo governo de Hong Kong para complementar outra imposta em 2020 por Pequim para neutralizar os enormes protestos pró-democracia em 2019.

As autoridades locais procuraram erradicar qualquer menção aos eventos, e o museu que exibia documentos e artefatos dos protestos de 1989 foi fechado.

Os livros sobre o assunto também desapareceram das bibliotecas e, em maio de 2023, o Pilar da Vergonha, uma estátua em homenagem às vítimas que já havia sido removida da Universidade de Hong Kong em 2021, foi confiscada.

Taiwan, o último reduto

Enquanto isso, em Taiwan, a lembrança se concentrará mais uma vez na praça em frente ao mausoléu de Chiang Kai-shek, no centro de Taipei, um símbolo da repressão à qual o país foi submetido por quatro décadas.

Como todos os anos, os manifestantes acenderão velas e carregarão faixas em uma vigília que, após a implementação da lei de segurança nacional e a perseguição aos manifestantes de Hong Kong, será a única a ser realizada nos territórios de língua chinesa.

O evento será acompanhado por uma exposição de arte no próprio mausoléu: sob o título “LifeDeathPreserveForgotten”, a exposição reúne as obras de 18 artistas de todo o mundo, incluindo de Taiwan, China e Hong Kong, em torno dos anseios por democracia e liberdade.

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