Apoiadores do candidato derrotado Mir Hossein Mousavi protestam em Teerã| Foto: Ghalamnews.Ir / AFP Photo
Manifestantes protestam contra o resultado das eleições iranianas em Londres
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Centenas de milhares de iranianos protestaram nesta quinta-feira (18), vestidos de preto e carregando velas, e se juntaram ao líder reformista Mir Hossein Mousavi, para lembrar os sete manifestantes mortos nos confrontos que se seguiram aos resultados das eleições presidenciais.

O enorme protesto foi um desafio aberto ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que tentou aplacar Mousavi e dois outros candidatos ao convidá-los para se encontrar com a principal autoridade eleitoral do país. Mousavi e seus partidários acusam o presidente reeleito Mahmoud Ahmadinejad de ter fraudado os resultados da eleição.

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Muitos na enorme multidão carregavam velas negras enquanto a noite caia. Outros vestiam faixas verdes nos braços e carregavam flores, enquanto se dirigiam à Praça Imam Khomeini, um grande espaço aberto no coração da capital iraniana batizada com o nome do principal protagonista da Revolução Iraniana de 1979, mais tarde conhecida como Revolução Islâmica de 1979.

Um website de Mousavi disse que a multidão excedeu 1 milhão de pessoas. Testemunhas independentes dizem que multidão chegou a centenas de milhares de pessoas.

Os manifestantes marcharam em silêncio até a praça, onde alguns começaram a gritar "morte ao ditador".

Mousavi falou à multidão. Ele disse ver "um mar de pessoas" marchando em protesto. "Eu me lembro de um homem idoso que falava sobre como a vontade do povo começou e de que ninguém é capaz de parar isso", ele disse. O participante da manifestação e as testemunhas falaram à Associated Press sob anonimato.

O presidente reeleito Ahmadinejad liberou nesta quinta-feira um comunicado bastante conciliatório na televisão estatal, se distanciando das críticas que proferiu aos protestos no começo desta semana: "Eu apenas me dirijo aqueles que fizeram tumultos, atacaram pessoas e provocaram incêndios", disse o comunicado. "Cada iraniano tem valor. O governo está ao serviço de cada um. Nós gostamos de todos".

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O Conselho dos Guardiães, corpo político de 12 clérigos e juristas islâmicos, disse que está preparado para conduzir uma recontagem limitada dos votos em locais onde existiram queixas de irregularidades.

O porta-voz do Conselho, Abbasli Khadkhodaei, disse nesta quinta-feira que a entidade recebeu 646 reclamações dos três candidatos que concorreram contra Ahmadinejad na eleição de 12 de junho.

Discussão no sábado

O Conselho dos Guardiães convidou os três candidatos derrotados nas eleições para discutir as denúncias de fraude no pleito, informou nesta quinta-feira a rádio estatal iraniana. O encontro está marcado para o sábado.

De acordo com o Conselho dos Guardiães, que atua como corte constitucional e justiça eleitoral do Irã, os três candidatos derrotados juntos apresentaram 646 denúncias de violações ocorridas durante a votação de 12 de junho.

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Sem citar nomes, Abbasali Khadkhodai, porta-voz do órgão, disse à televisão estatal iraniana que, sozinho, um dos candidatos apresentou 390 denúncias.

Os três candidatos derrotados são o moderado ex-primeiro-ministro Mir Hossein Mousavi, o também reformista ex-presidente do Parlamento Mehdi Karroubi e o conservador ex-comandante da Guarda Revolucionária Mohsen Rezai.

Khadkhodai disse que as denúncias envolvem escassez de cédulas de votação, incentivos para que se votasse em um candidato específico e restrição à presença de representantes nos locais de votação, entre outras.

Ameaça de bomba

Autoridades iranianas descobriram um plano que teria como objetivo realizar atentados com bombas, no dia da eleição presidencial, na última sexta-feira, informou a televisão estatal nesta quinta-feira. O veículo oficial disse que os agressores têm "fortes laços com estrangeiros" e buscavam "sabotar a eleição e criar distúrbios".

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Não foram identificados os conspiradores nem revelados os vínculos com estrangeiros. Autoridades investigaram 20 alvos em Teerã e o alvo principal seria Hosseiniyah Ershad, afirmou a imprensa estatal.

Hosseiniyah Ershad, no norte da capital, é um marco religioso e centro cultural, onde muitas pessoas na capital votam. O centro também foi usado por líderes do país para falar às massas, durante a Revolução Iraniana de 1979.

Também nesta quinta-feira, a agência Fars revelou que uma filha e um filho do ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani foram impedidos de deixar o país. Segundo a agência, Faezeh e Mehdi Hashemi estão sendo investigados por supostamente incitar e organizar protestos após a eleição.

O atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, foi declarado vencedor da eleição. Porém a oposição, liderada pelo reformista Mir Hossein Mousavi, reclama de fraudes. Rafsanjani, bastante influente no país, apoiou Mousavi durante a campanha.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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