Centenas de pessoas participaram neste sábado (15) de uma manifestação em Hong Kong para exigir proteção para Edward Snowden, o americano que revelou o programa secreto de vigilância em massa de Washington e que está escondido na ex-colônia britânica.

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Segundo os organizadores da passeata - vários grupos políticos e sociais -, cerca de 900 pessoas percorreram o centro da cidade até as portas do consulado dos Estados Unidos em Hong Kong para mostrar seu apoio à decisão de Snowden de revelar a existência do programa de espionagem e exigir explicações e desculpas do Executivo de Barack Obama.

Os manifestantes levavam cartazes com mensagens como "Proteção para Snowden", "Obama culpado", "Não à espionagem dos EUA" e "A culpa é do governo americano".

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"Mostramos nosso apoio a Snowden por sacrificar sua liberdade pessoal por nós", declarou o deputado de Hong Kong, Albert Ho, no começo do protesto.

Segundo Ho, Snowden deveria contar com o respaldo de Hong Kong até que encontre outro lugar mais seguro onde ficar.

"Exigimos uma explicação do presidente dos EUA sobre seu programa de vigilância em outros países, exigimos uma desculpa e que o governo de Hong Kong nos proteja e defenda o império da lei", acrescentou.

A passeata, que aconteceu sob uma chuva constante, fez uma parada na frente do consulado dos EUA em Hong Kong, onde o congressista do partido Pró-Democrático, Leung Kwok-hung, entregou a um funcionário da legação uma carta aberta dirigida a Obama.

A convocação, promovida através das redes sociais locais, contou com a presença de vários americanos residentes na ex-colônia.

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"Estamos aqui para agradecer o sacrifício que Snowden fez para nos mostrar a verdade", argumentou Matías Weynmer, informático americano estabelecido em Hong Kong.

"Não podemos consentir que os governos nos controlem e nos vigiem como se todos fôssemos espiões ou delinquentes, dá medo pensar que devemos proteger-nos de nossos governantes", comentou Alice Brown, uma nova-iorquina residente na antiga colônia britânica.

A marcha aconteceu dois dias depois que Edward Snowden afirmou ao jornal da cidade "South China Morning Post" que os EUA espionam computadores da China e do enclave há anos

Até o momento, o governo chinês manteve um ferrenho silêncio sobre o caso, que explodiu poucos dias depois da primeira reunião de Obama e Xi Jinping como respectivos presidentes de seus países, na qual a segurança cibernética ocupou um papel de destaque.

A China, a quem os EUA acusaram em reiteradas ocasiões de ataques cibernéticos, se limitou até o momento a insistir que é uma das "principais vítimas" destes ataques, e anunciou a criação de um escritório dedicado aos aspectos diplomáticos da segurança cibernética.

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Por sua parte, os EUA confirmaram que Snowden é objeto de uma investigação, mas não informaram se sua extradição será solicitada.

Enquanto isso, se desconhece o paradeiro de Snowden, que supostamente segue em Hong Kong, aonde chegou no último dia 20 de maio após deixar sua casa no Havaí e semanas antes de declarar-se o autor do vazamento público do programa de escutas telefônicas secretas.

Snowden explicou ao jornal de Hong Kong sua intenção de permanecer na cidade para lutar contra possíveis tentativas de seu governo de exigir sua extradição aos EUA.

"Tive muitas oportunidades de fugir de Hong Kong, mas prefiro ficar e lutar contra o governo dos EUA nos tribunais porque tenho fé na lei em Hong Kong", declarou.

"As pessoas que pensam que cometi um erro ao escolher Hong Kong não entenderam minhas intenções. Não estou aqui para esconder-me da justiça. Estou aqui para revelar criminalidade", acrescentou.

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Uma pesquisa divulgada hoje pelo "South China Morning Post" indica que um de cada dois residentes de Hong Kong opina que, se sua extradição for solicitada, Snowden não deve ser entregue aos EUA.