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Centenas de venezuelanos se reuniram na manhã deste sábado (4), na Praça de Maio, em Buenos Aires, para apoiar o líder oposicionista Edmundo González Urrutia, que será recebido na Casa Rosada presidente da Argentina, Javier Milei.
González Urrutia inicia neste sábado uma viagem por países que apoiam a oposição venezuelana. O líder político tem intenção de assumir a presidência no dia 10 de janeiro apesar de Nicolás Maduro ter oferecido uma recompensa de US$ 100 mil por "informações que levem à sua captura".
Mesmo assim, González Urrutia, que está exilado na Espanha desde setembro, insiste em assumir o cargo por entender que venceu as eleições realizadas na Venezuela em 28 de julho.
Os resultados das eleições divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que concedeu a vitória a Maduro, foram questionados pela principal coalizão antichavista, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), e por grande parte da comunidade internacional.
Venezuelanos tomam a Praça de Maio
A emblemática Praça de Maio, em Buenos Aires, ficou repleta de bandeiras venezuelanas e centenas de pessoas dedicadas à luta contra a oposição com bonés, cartazes e camisetas tingidas com as cores de seu país.
A manifestação começou ainda na madrugada e espera-se que o movimento aumente até o meio-dia (horário de Brasília), quando González Urrutia deverá aparecer na sacada da Casa Rosada acompanhado por Milei.
Os manifestantes denunciam o regime ditatorial de Maduro, que até o momento não entregou os dados eleitorais detalhados das eleições de julho e, apesar disso, pretende iniciar um novo mandato em 10 de janeiro com o apoio da Força Armada Nacional Bolivariana.
Argentina, a primera parada
A Argentina é a primeira parada de uma viagem internacional que também levará o líder oposicionista ao Uruguai, Panamá e República Dominicana até 10 de janeiro, uma data importante para o futuro da Venezuela.
"A Argentina é o primeiro país que González Urrutia visita na América Latina em sua viagem internacional antes de 10 de janeiro. Não é coincidência: a Argentina tem demonstrado seu compromisso com a liberdade, a democracia e os direitos humanos", declarou, Elisa Trotta, secretária-geral do Fórum Argentino de Defesa da Democracia à Agência EFE.
O governo de Milei foi um dos primeiros a considerar González Urrutia o vencedor das eleições de julho, em agosto do ano passado, e chegou a descrevê-lo publicamente como "presidente eleito".
A visita do líder oposicionista venezuelano à Argentina ocorre em meio à crescente tensão entre os governos de Milei e Maduro que tem como uma das causas, a prisão do militar argentino Nahuel Gallo na Venezuela em 8 de dezembro.
A Argentina apresentou uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre a prisão do militar, enquanto a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) adotou medidas cautelares, considerando que Gallo "está em uma situação grave e urgente, pois seus direitos à vida e à integridade pessoal correm o risco de sofrer danos irreparáveis na Venezuela".
Há cerca de 200.000 venezuelanos vivendo na Argentina, dos quais apenas 2.600 eram elegíveis para participar das eleições de julho do ano passado - 94% dos quais votaram em González Urrutia.