Mais de 500 estudantes muçulmanos radicais renderam-se em uma mesquita cercada na capital do Paquistão nesta quarta-feira, mas milhares de militantes continuam dentro do local um dia depois que 11 pessoas foram mortas em conflitos.
Centenas de soldados e policiais cercaram a mesquita e impuseram um toque de recolher depois dos confrontos de terça-feira, quando o governo ampliou o prazo final para os estudantes entregarem as armas.
A violência surgiu depois de meses de impasse entre as autoridades e movimento que segue a linha do Taliban e tem base em Lal Masjid, ou Mesquista Vermelha, menos de dois quilômetros do parlamento do país e do enclave diplomático de Islamabad, que tem forte proteção policial.
Soldados levaram 12 veículos blindados armados com metralhadoras para a região e os tiros continuaram durante a noite.
O número de estudantes que aceitaram a oferta de saída segura e 5.000 rúpias (85 dólares) cresceu depois do fim do prazo para que deixassem a mesquita, às 13h (5h de Brasília).
Mais de 500 pessoas, entre elas 100 mulheres e crianças, deixaram a mesquita, mas entre 2 mil e 5 mil continuam no local, disseram autoridades. Os homens que se entregaram foram colocados em caminhões, enquanto mulheres e crianças foram libertadas.
Políticos liberais pressionaram durante meses o presidente Pervez Musharraf para que reprimisse clérigos da mesquita, que ameaçaram com ataques suicidas caso o governo usasse força.
O vice-ministro do Interior, Zafar Warraich, disse antes, em entrevista coletiva, que quem tentasse fugir seria atingido por tiros.
"Uma bala será respondida com uma bala", disse.
A violência ocorre em uma época ruim para Musharraf. Ele está preparando-se para as eleições presidenciais e gerais e já enfrenta uma campanha de advogados e oposicionistas contra seu decreto de suspensão de um importante juiz do país, em março.
O movimento Lal Masjid é parte de um fenômeno conhecido como "talibanização", ou seja, adoção da militância nas cidades de regiões tribais remotas na fronteira com o Afeganistão.
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