O governista Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi derrotado na noite de ontem, quando já haviam sido contados 99% dos votos nas eleições municipais e nos governos semiautônomos de 13 das 18 regiões. Os espanhóis votaram marcados pelo movimento reivindicativo 15-M, que rejeita o atual modelo político favorável aos grandes partidos.
O Partido Popular (PP), de centro-direita, ficou com 37,5% dos votos, enquanto os socialistas tiveram 28%. Isso significa uma diferença de 2 milhões de votos a favor do PP. Os socialistas perderam a prefeitura de Barcelona para a direita, que não governava a metrópole catalã desde o final da ditadura franquista em 1975. O PP liderava por pequena margem em Sevilha.
Ainda na noite de ontem, os socialistas já davam como perdida a região de Castilla La Mancha, onde o PP conseguiu eleger 28 deputados estaduais, ante 21 do PSOE. Dados parciais indicavam que o PSOE perdeu o governo em todas as 13 regiões em disputa, o que fortalecerá o PP para as eleições gerais de 2012.
Em Castilla y León, a região do primeiro-ministro José Luiz Rodríguez Zapatero, o PP teria eleito 55 deputados, enquanto o PSOE elegeu 29.
Frente aos resultados desastrosos, Zapatero afirmou que continuará com o foco em seus planos de reforma econômica para garantir que a Espanha retome o crescimento econômico no futuro. Os socialistas "claramente, perderam as eleições" e essa derrota possui "uma relação muito próxima com a crise econômica", disse Zapatero em coletiva de imprensa na sede do PSOE em Madri. O primeiro-ministro reafirmou que completará seu mandato, que termina em março do próximo ano.
Revolta
Com desemprego superior a 21% da força de trabalho e uma recessão que já dura mais de três anos, a Espanha, que é considerada a maior zona do euro, enfrentou também nesse domingo protestos de milhares de jovens que foram às ruas e praças de Madri, Barcelona, Sevilha e Valência, protestando contra o governo e a crise e pedindo ao eleitorado que não comparecesse às urnas. Grande parte deles já ocupava as ruas desde quarta-feira passada.
Na quinta-feira, a autoridade eleitoral tinha proibido os protestos programados para o fim de semana, temendo que eles pudessem interferir na eleição. A participação nas eleições, contudo, parece ter se mantido nos mesmos níveis das eleições de 2008, ao redor de 40% do eleitorado.