Cerca de 100 mil chilenos participaram neste sábado de uma mobilização convocada por 40 organizações que buscam unir forças para suas reivindicações, entre elas a criação de uma nova Constituição, informaram os organizadores.
Ao término da manifestação, foram registrados alguns incidentes isolados entre jovens encapuzados que lançaram pedras e a polícia.
Esta mobilização é a primeira realizada durante o governo de Michelle Bachelet, que assumiu o poder em 11 de março.
"Consideramos que uma nova Constituição via Assembleia Constituinte pode solucionar os problemas de toda a diversidade de organizações que existe em nosso país", assegurou Oscar Rementería, porta-voz do Movimento de Libertação e Integração Homossexual (Movilh), um dos grupos convocantes.
O porta-voz esclareceu que esta "não é uma manifestação contra ou a favor de Bachelet, é só um chamado de atenção à classe política para que saibam que há reivindicações cidadãs".
A criação de uma nova Constituição que substitua a herdada da ditadura de Augusto Pinochet é uma das principais promessas de Bachelet.
Apesar dos 34 graus registrados nas primeiras horas da tarde, membros de grupos ambientalistas, homossexuais, pró animais, indígenas, trabalhadores, ateus e incapacitados, entre outros, caminharam pelas ruas do centro de Santiago levando cartazes e gritando suas exigências.
Os estudantes universitários e secundários, que desde 2011 protagonizaram maciças mobilizações em reivindicação de educação gratuita e de qualidade, não aderiram à convocação desta passeata.
A manifestação foi autorizada pela Intendência Regional de Santiago que determinou o corte do trânsito pelas ruas por onde caminhariam os participantes, considerando que era preciso respeitar o direito dos cidadão de se expressar.
No entanto, ao longo do percurso, que incluía a principal avenida da capital, foi desdobrado um grande contingente policial para prevenir distúrbios.
Os ateus, convocados pelo diretor da Sociedade Fundação Atéia, Anwar Rabi; o sacerdote jesuíta Antonio Delfau e o sociólogo e especialista em seitas Humberto Lagos, participaram da manifestação para promover uma Constituição que "transforme o Chile em um Estado laico", apesar da separação do Estado e o clero estar vigente no Chile desde o século XIX.