Dos 21,5 milhões de marroquinos maiores de idade, 13.626.357 se inscreveram nas listas eleitorais e constituirão o censo que votará nas eleições legislativas do país, que foram antecipadas em um ano e acontecem na sexta-feira.
Isto significa que quase 8 milhões dos maiores de 18 anos com direito a voto (40% do total) não se inscreveram para votar nestas eleições por desconhecimento ou desinteresse.
A taxa de participação, que nas eleições legislativas de 2007 foi de apenas 37% (com 19% de votos brancos ou nulos), é calculada sobre as listas eleitorais e não sobre os maiores de idade com direito a voto.
O país foi dividido em 92 circunscrições que elegerão 305 deputados da Câmara de Representantes por um sistema proporcional que favorece a fragmentação do cenário político. O teto para chegar à câmara foi fixado em 3% dos votos.
Aos 305 são acrescentados outros 90 deputados que serão escolhidos pela chamada "lista nacional" (circunscrição única), reservada para a parcela feminina (60 cadeiras) e de jovens com entre 21 e 40 anos (30 cadeiras). Neste caso o teto é de 6% dos votos.
No Parlamento atual há apenas 34 mulheres (o que significa pouco mais de 10% de representação feminina) e 9,2% de jovens menores de 40 anos, apesar destes últimos constituírem 65% da população.
Nesta câmara estavam representados cerca de 15 grupos políticos, dos quais seis contam com mais de 20 cadeiras mas nenhum superava as 70, o que mostra a necessidade de alianças para adquirir a maioria em um Parlamento de 325 assentos.
Nas eleições de sexta-feira se apresentam 31 partidos políticos em um sistema de listas fechadas por circunscrição, que estão lideradas de forma arrasadora (96%) pelos homens.
Três partidos políticos de esquerda pediram o boicote ao pleito, e a eles se uniu a organização islamita Justiça e Caridade, que é ilegal, mas tolerada. Será difícil identificar a parcela de abstenção que é fruto do boicote e quanto corresponde à simples apatia, após uma campanha carente de entusiasmo popular.
As enquetes de intenções de voto estão proibidas, mas considera-se que os partidos com possibilidade de conseguir um número importante de cadeiras se dividem em três blocos: o islamita Partido Justiça e Desenvolvimento (PJD), a Coalizão pela Democracia, que agrupa oito partidos dominados pela ideologia liberal, e a Kutla Watania, formada por três partidos nacionalistas.
Entretanto, estes dois últimos blocos não apresentam listas conjuntas, cada partido concorre separadamente com programas comuns, por isso que as previsíveis alianças acontecerão após as eleições.
De acordo com a nova constituição aprovada em julho, o rei Muhammad VI elege o chefe de Governo entre os membros do partido mais votado, ou seja, sem necessidade de ser o líder da candidatura, mas se o eleito não alcançar apoios suficientes, o cargo pode ser transmitido ao partido seguinte.
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