A força de elite da polícia afegã encerrou nesta sexta-feira (22), com ajuda de forças da Otan, um cerco de 12 horas em um popular hotel nos arredores de Cabul, que foi invadido pelo Taliban durante uma festa. Pelo menos 20 pessoas morreram. Usando granadas de propulsão, coletes explosivos e metralhadoras, os militantes invadiram o hotel durante a noite e tomaram dezenas de reféns, provando quão potente a insurgência islâmica permanece após uma década de guerra. Aterrorizados, muitos convidados da festa e hóspedes do hotel saltaram no lago anexo, segundo autoridades e moradores da região. Na hora do ataque, havia cerca de 300 pessoas no interior do prédio. O Ministério do Interior disse que o tiroteio no hotel Spozhmai resultou na morte de 12 a 15 civis, dois seguranças do hotel, um policial e cinco militantes. O Taliban afegão reivindicou imediatamente a ação, mostrando sua capacidade de realizar ataques num momento em que os países da Otan se preparam para retirar a maioria das suas tropas até o final de 2014. Abdullah Samadi, de 24 anos, que foi tomado como refém, disse que o ataque começou com a explosão de uma granada. "Tentamos escapar, mas ficamos cercados por homens-bombas. Nós nos escondemos atrás de uma árvore até de manhã. Deus nos protegeu", contou.
Reféns Samadi disse que os militantes observavam de perto os reféns e procuravam estoques ilegais de vinho na festa. "Ao alvorecer eles chegaram mais perto de nós e tivemos de pular na água. Ficamos lá até as 9h, e aí a situação melhorou e lentamente nadamos até as forças de segurança." O Ministério disse ainda que o Taliban usou civis como escudos humanos, e que cerca de 50 pessoas continuaram com reféns até o final da manhã de sexta-feira (hora local). A resposta rápida da polícia, apoiada por tropas da Otan, libertou pelo menos 35 reféns, numa operação que começou apenas ao amanhecer, para ajudar as forças de segurança a evitar mortes de civis. O Taliban disse que o hotel, a cerca de dez quilômetros do centro de Cabul, era usado por estrangeiros e afegãos ricos para fins de "prostituição" e "festas desregradas" na véspera da sexta-feira, dia sagrado do islamismo.