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O cérebro é uma verdadeira maravilha, uma biblioteca aparentemente infinita, cujas prateleiras guardam nossas memórias mais preciosas, assim como todo conhecimento que adquirimos ao longo da vida. Mas existe um momento em que ele atinge sua capacidade? Em outras palavras, pode o cérebro ficar “cheio”?

A resposta é um sonoro não, porque, bem, cérebros são mais sofisticados do que isso. Estudo publicado este ano na “Nature Neuroscience” mostra que, em vez de lotar o cérebro, informações velhas são “expulsas” para que novas memórias sejam formadas.

Esquecimento traz vantagens para o cotidiano

Na vida do dia a dia, o esquecimento na verdade tem claras vantagens. Imagine, por exemplo, que você perdeu seu cartão de banco.

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Estudos comportamentais anteriores mostraram que o aprendizado de novas informações podem levar ao esquecimento. Mas, neste estudo, pesquisadores usaram técnicas de neuroimagem para demonstrar pela primeira vez como isto se dá no cérebro.

Os autores do artigo partiram para investigar o que acontece no cérebro quando tentamos lembrar informações que são muito similares ao que já sabemos. Isto é importante porque informações semelhantes têm maior probabilidade de interferir com o conhecimento já existente, e é o tipo de coisa que provoca lotação sem ser útil.

Quem sofre de hipertimesia vive preso ao passado

Lembranças

Um número muito pequeno de pessoas é capaz de lembrar de quase todos os detalhes de sua vida. Elas têm a síndrome de hipertimesia. Se fornecidas uma data, elas são capazes de nos contar onde e o quê estavam fazendo naquele dia em particular. Embora possa parecer um dom para muitos, as pessoas com esta rara condição consideram esta habilidade incomum um fardo. Algumas relatam não serem capazes de pensar no presente ou no futuro por causa da sensação de estarem constantemente vivendo no passado, aprisionadas por suas memórias. E isso é o que todos nós poderíamos experimentar se não tivéssemos um mecanismo de “apagar” informação que não são mais relevantes e que, de fato, “lotariam” nossos cérebros.

Esquecimentos

Do outro lado do espectro está um fenômeno chamado “esquecimento acelerado de longo prazo”, observado em pacientes epiléticos e vítimas de derrames. Como o nome sugere, estas pessoas esquecem informações novas aprendidas muito mais rápido, algumas vezes em poucas horas, do que seria considerado normal. Acredita-se que isto representa o fracasso em “consolidar” ou transferir novas memórias para a memória de longo prazo. Mas este processo e o impacto desta forma de esquecimento ainda foram muito pouco explorados.

Para fazer isso, eles examinaram como a atividade cerebral muda quando tentamos lembrar uma memória “alvo”, isto é, quando tentamos recuperar algo muito específico, ao mesmo tempo que tentamos lembrar de algo similar (uma memória “competidora”). Os participantes foram ensinados a associar uma única palavra (digamos, a palavra “areia”) com duas imagens diferentes, como uma de Marilyn Monroe e outra de um chapéu.

Eles descobriram que quando a memória alvo era lembrada mais frequentemente, a atividade cerebral se elevava. Enquanto isso, a atividade cerebral para a memória competidora decrescia. Esta mudança era mais proeminente em regiões próximas da frente do cérebro, como o córtex pré-frontal, do que em estruturas-chave da memória no meio do cérebro, como o hipocampo, que são tradicionalmente associadas à perda de memória.

O córtex pré-frontal está envolvido em uma grande gama de complexos processos cognitivos, como o planejamento, a tomada de decisões e a recuperação seletiva de memórias. Pesquisas mostram que esta parte do cérebro trabalha em combinação com o hipocampo para recuperar memórias específicas.

Se o hipocampo é o mecanismo de busca, o córtex pré-frontal é o filtro que determina que memória é mais relevante. Isto sugere que o armazenamento de informações sozinho não é suficiente para uma boa memória. O cérebro também precisa ser capaz de acessar as informações relevantes sem ser distraído por pedaços de informações competidoras similares.

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