Um juiz no Chade acusou formalmente nesta terça-feira nove franceses por seqüestro e fraude depois que a organização para a qual eles trabalham tentou levar 103 crianças africanas do país para a Europa em um avião.
Sete espanhóis que trabalhavam como tripulantes do avião e dois homens do Chade também estão sendo processados por cumplicidade.
O vôo fretado pela organização francesa Arche de Zoé foi detido por autoridades do Chade na quinta-feira da semana passada na cidade de Abeche.
A entidade argumenta que estava agindo de forma legal e que sua intenção era melhorar a vida de órfãos que vivem na região de conflito de Darfur, no Sudão. A região faz fronteira com o Chade.
No entanto, segundo trabalhadores da Unicef, agência das Nações Unidas, muitas das crianças que estavam no avião não eram da região de Darfur e não há provas de que elas fossem órfãs. Elas estão agora em um orfanato em Abeche.
Segundo a correspondente da BBC no Chade, Stephanie Hancock, é provável que os acusados - que estão detidos em Abeche - sejam transferidos para uma prisão.
Um piloto belga também foi detido em N'Djamena, a capital do país, mas não está sendo processado.
Segundo a correspondente da BBC, os acusados podem demorar a serem ouvidos pela justiça do país, mas o caso pode ser apressado devido à sua alta repercussão internacional.
Hancock e outros correspondentes internacionais foram levados por autoridades do Chade para o aeroporto em Abeche e viram o avião onde as crianças estavam sendo embarcadas.
Os repórteres também visitaram as crianças no orfanato. A maior parte das crianças tem entre três e cinco anos de idade. A mais velha aparenta ter dez anos e há vários bebês com menos de dois anos de idade.
Em seguida, as autoridades levaram os correspondentes para visitar os 16 europeus detidos. Segundo a correspondente, eles não estão em celas de prisão, mas sim em um quarto grande.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse, através de seu porta-voz, que as ações dos agentes da entidade eram ilegais e inaceitáveis.
O presidente do Chade, Idriss Deby, acusou a Arche de Zoé de "seqüestro puro e simples". De acordo com o governo, os responsáveis poderão pegar "vários anos" de cadeia.
A Arche de Zoé é uma entidade criada em dezembro de 2004 para ajudar as pessoas afetadas pelos tsunamis na Ásia. Após os tsunamis, a entidade passou a atuar em Darfur e regiões próximas.
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