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Prêmio Nobel

“Chamado para a paz”

Obama durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro: guerras do Afeganistão e Iraque e as negociações de paz entre Israel e Palestina são desafios do presidente norte-americano | Jim Watson/AFP
Obama durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro: guerras do Afeganistão e Iraque e as negociações de paz entre Israel e Palestina são desafios do presidente norte-americano (Foto: Jim Watson/AFP)
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Nova Iorque - Um chamado para agir em prol da paz. Foi assim que o presidente dos EUA, Barack Obama, reagiu ontem ao saber que foi premiado com o Nobel da Paz. No comando de duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, Obama foi escolhido para receber por seus "extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia e a cooperação entre os povos". A decisão surpreendeu a comunidade internacional e até o líder norte-americano, que não esperava o prêmio

"Sinto-me surpreso e profundamente lisonjeado com a decisão da Comissão do Nobel. Mas deixe-me ser claro: não vejo isso como reconhecimento das minhas realizações, mas como uma afirmação da liderança americana em nome das aspirações dos povos em todas as nações", disse.

Obama foi o terceiro presidente norte-americano a ganhar o Nobel durante o mandato – os outros foram Theodore Roosevelt, em 1906, e Woodrow Wilson, em 1919. Jimmy Carter também foi premiado, mas em 2002 – mais de duas décadas depois de deixar a presidência.

No discurso de agradecimento na Casa Branca, no fim da manhã de ontem, Obama afirmou ter sido acordado pela filha Malia, que disse: "Papai, você ganhou o Prêmio Nobel." "Para ser honesto, não sinto que mereça estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram ho­­menageadas com esse prêmio – homens e mulheres que me inspiraram e inspiraram o mundo in­­teiro com suas co­­rajosas lutas pela paz", prosseguiu o líder americano, que, mais tarde, informou o que doará a premiação em dinheiro para a caridade.

Segundo a Casa Branca, o presidente irá para Oslo receber o prêmio em 10 de dezembro. Diferen­­temente dos outros Prêmios No­­bel, o da Paz é oferecido por um comitê norueguês, e não por instituições suecas. Na época de Alfred Nobel, Suécia e Noruega faziam parte de um mesmo reino.

Momento delicado

O anúncio ocorre numa semana em que Obama está envolvido em discussões sobre qual estratégia seguir no Afeganistão. O comandante das forças americanas, general Stanley McChrystal, pediu o envio de 40 mil soldados para se somarem aos 68 mil que já estão no território afegão – dos quais 21 mil foram enviados pelo próprio Obama neste ano. Alguns membros do governo, como o vi­­ce-presidente, Joe Biden, são contra. Os EUA também mantêm mais de 100 mil militares no Iraque.

O anúncio provocou reações antagônicas nos EUA e em outros países. De um lado, críticos disseram ter sido muito cedo para o pre­ ­sidente, que ainda não completou um ano de mandato, receber o No­­bel e, por enquanto, sua administração não alcançou nenhum resultado - com tropas americanas no Iraque, no Afeganistão, o risco de o Irã desenvolver uma bomba nuclear, pouco avanço no diálogo entre israelenses e palestinos e uma política para a Coreia do Nor­­te que não difere de seu antecessor, George W. Bush.

Já os defensores da premiação argumentam que Obama alterou a forma como a liderança norte-americana é vista internacionalmente, ao impor um discurso mais favorável à paz, como o realizado em junho no Cairo para o mundo islâmico.

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