O candidato governista Juan Manuel Santos comemora desempenho no primeiro turno: pesquisas não previam vitória com larga vantagem| Foto: Eitan Abramovich/AFP

Compra de votos

ONG acusa governista de fraude

A Missão de Observação Eleitoral da Colômbia denunciou ontem, em seu primeiro relatório sobre as presidenciais em andamento em todo o país, a compra de votos a favor da candidatura do governista Juan Manuel Santos.

Em um documento, a ONG diz ter recebido 51 informes de incidências suspeitas – a maior parte sobre publicidade política nos colégios eleitorais. Foram detectados ainda alguns participantes do processo eleitoral que "estão confundindo seu trabalho" e se dedicando a "pressionar" os eleitores por um dos postulantes. A denúncia foi feita por porta-vozes oficiais do Polo Democrático Alternativo, do candidato derrotado à Presidência Gustavo Petro.

De acordo com o partido, supostos simpatizantes de Santos estavam oferecendo 20 mil pesos aos que se comprometessem a votar no governista no departamento de Cundinamarca.

Os militantes do PDA também disseram que foram impedidos de ingressar em alguns postos de votação. O observador Pedro Santana apontou que, além das denúncias do Polo, também o Partido Verde, de Antanas Mockus, lançou acusações contra as autoridades eleitorais.

A Procuradoria-Geral da Nação também admitiu ter recebido queixas pela suposta compra de votos em Cesar. De acordo com a mesma organização, foram reportados outros 40 casos de supostas irregularidades.

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Veja quem são os candidatos colombianos
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Um dia depois de amargar uma contundente vitória da campanha governista no primeiro turno, o candidato à Presidência da Colômbia, Antanas Mockus (Par­­­­tido Verde), viu suas chances de recuperação no segundo turno se reduzirem ainda mais.

O terceiro e quarto candidatos mais votados anunciaram que não apoiarão ninguém na votação final em 20 de junho.

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Mockus, que alcançou 21,5% dos votos contra 46,5% do ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, fez, no seu discurso trans­­mitido na tevê ontem à noite, um chamado à coalizão a Ger­­mán Vargas Lleras (Cambio Ra­­dical), que teve 10,16% dos vo­­tos, e a Gustavo Petro, do es­­quer­dista Polo Democrático, que amealhou pouco mais de 9%.

Lleras disse que não endossará ninguém no segundo turno, e o rumo do seu partido, hoje na coalizão uribista, é seguir o ex-ministro de Álvaro Uribe.

Já Petro, que superou em 200 mil votos a performance de seu partido nas eleições legislativas de março, preferiu posicionar-se já num eventual novo governo de Santos. "Serei seu primeiro opositor’’, disse. Ainda assim, o Polo anunciaria até hoje seu posicionamento formal.

Para analistas, os quase 7 mi­­lhões de votos de Santos de­­monstram a força do uribismo na Colômbia. O movimento de Uribe conseguiu englobar tanto grandes parcelas dos tradicionais partidos Liberal e Conser­­vador -que dominaram a política colombiana por 150 anos- co­­mo articular a elite rural das re­­giões, de onde vem Uribe, com a elite urbana, representada pela família Santos.

Ontem, o candidato governista foi recebido por Uribe. Não houve declarações públicas, mas o gesto reforça a estratégia da campanha de reverência e agradecimento ao presidente que tem mais de 70% de aprovação.

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Decepção

Enquanto isso, Mockus confessou a uma rádio que o resultado o decepcionou. Afirmou que as pesquisas de opinião, que mostravam empate técnico há oito dias, tinham gerado mui­­ta esperança. Agora, diz, ga­­nhar "não é provável’’, "mas é possível’’.