O chanceler da Argentina, Héctor Timerman, foi duramente criticado hoje (15) pela comunidade judaica do por defender o acordo com o Irã para ouvir os acusados de fazer o atentado contra a Associação Mutual Israelita da Argentina (AMIA), em 1994.
A ação foi no prédio da entidade, em Buenos Aires, e terminou com a morte de 85 pessoas. O pacto foi assinado em 27 de janeiro pela presidente Cristina Fernández de Kirchner e tenta dar fim ao impasse judicial com o país sul-americano, que pede desde 2006 a extradição de oito iranianos envolvidos no ataque.
Ontem, Timerman, que é judeu, foi ao Congresso defender o acordo, que precisa ser aprovado pelas duas casas do Legislativo, onde o governo tem maioria. Ele disse que o Irã mudou de postura, após 19 anos de negociações.
O ministro de Relações Exteriores afirmou que Teerã respeitará o acordo, mas admitiu que os presos podem não se pronunciar sobre o tema, o que tornaria o acordo inócuo. Há duas semanas, a República Islâmica descartou que fosse extraditar alguns dos acusados, dentre eles o ministro da Defesa, Ahmad Vahidi.
Mesmo com todas as restrições, o chanceler disse que o acordo era necessário. "Não é nenhum prazer sentar para negociar com quem nega o Holocausto, mas alguém tinha que fazer isso. Os que se opõem ao acordo só vão conseguir deixar o processo parado".Enquanto Timerman tentava defender o pacto no Congresso, cerca de cem judeus fizeram um protesto no Museu do Holocausto de Buenos Aires e acusaram o chanceler de querer que aconteça um terceiro atentado contra os judeus. Eles acusam o Irã de ter ordenado a ação contra a AMIA e a explosão na embaixada de Israel em 1992, que deixou 29 mortos.
"Manipulação"
Hoje, Timerman reagiu em uma entrevista e disse que a comunidade judaica se rendeu à manipulação de "alguns países" ao condenar o atentado contra o Irã e a proposição de um terceiro atentado em solo argentino."Existem pessoas que querem frear de qualquer forma o processo sobre o atentado, não querem que seja investigado. Me preocupa a manipulação dos países que não querem uma solução diplomática com o Irã e preferem ir à guerra", disse o chanceler, que afirmou ter orgulho do que faz.
Em seguida, o presidente da AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina) disse que não entende o chanceler e o acordo, apesar do respeito a Timerman. "A verdade é que estamos mudando de vítima para vitimador. Nós, os acusadores, estamos dispostos a nos mudar amanhã mesmo ao Irã, que nega o Holocausto".
O acordo sobre o atentado da AMIA é mais uma das tentativas de aproximação entre o governo de Cristina Kirchner e a República Islâmica. A retomada das relações diplomáticas encontra forte resistência na Argentina devido ao impacto dos dois atentados, atribuídos a Teerã.
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