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O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse nesta quarta-feira (30) que o governo de Gustavo Petro não vai reconhecer o resultado oficial da eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela se as atas de votação não forem apresentadas até 10 de janeiro, quando termina o atual mandato do ditador Nicolás Maduro e outro teria início.
Murillo escreveu sobre o assunto no X, em resposta a um comentário de um professor da Universidade Nacional da Colômbia, Moisés Wasserman, que fez uma ironia, dizendo que “o chanceler ratificou que a Colômbia não reconhecerá os resultados das eleições na Venezuela se Maduro não apresentar as atas, em algum momento, antes de julho de 2030” – quando deve ser realizada uma nova eleição.
“Professor Wasserman, a posição do Governo Nacional continua clara: a apresentação das atas deve ser realizada antes do final do atual mandato presidencial, em 10 de janeiro de 2025”, afirmou Murillo.
“Caso contrário, como já expressou o presidente, a Colômbia não reconhecerá os resultados” da eleição de julho.
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, vêm defendendo que o chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou a “vitória” de Maduro, deve divulgar as atas para que tomem uma posição sobre quem venceu o processo eleitoral na Venezuela.
O México também tinha essa postura, mas ao final do governo de Andrés Manuel López Obrador, substituído no início deste mês pela correligionária Claudia Sheinbaum, passou a defender a “não intervenção” em assuntos da Venezuela.
A oposição da Venezuela divulgou num site cópias de 83,5% das atas de votação que comprovam que seu candidato, Edmundo González, venceu a disputa.
A posição do Brasil e da Colômbia de cobrar a divulgação das atas pelo CNE, que ainda não o fez, desagrada os oposicionistas venezuelanos, que querem que os dois países reconheçam González como vencedor, a exemplo de Estados Unidos e Argentina.
Lula e Petro chegaram a sugerir que fosse realizada uma nova eleição, o que gerou críticas da oposição ao chavismo.
Nesta quarta-feira, a ditadura da Venezuela anunciou a convocação do encarregado de negócios do Brasil no país caribenho e chamou a Caracas o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, para consultas, para manifestar “repúdio” a declarações do assessor especial em Relações Exteriores, Celso Amorim.
Em uma audiência na Câmara na terça-feira (29), ele havia dito que o veto brasileiro à entrada venezuelana nos Brics como país-parceiro, durante a cúpula do bloco na Rússia na semana passada, se deveu a um “mal-estar” nas relações diplomáticas entre os dois países.
“O Brasil concordou com [a entrada como país-parceiro de] Cuba e não concordou com a Venezuela porque existe esse mal-estar. Eu espero que possa se dissolver à medida que as coisas lá se normalizem, os direitos humanos sejam respeitados, as eleições transcorram com normalidade, as atas apareçam, enfim, coisas desse tipo”, disse Amorim.