TÓQUIO - O ministro das Relações Exteriores do Japão, Taro Aso, disse nesta quinta-feira que o crescimento militar da China é uma ameaça porque não tem transparência, o que provocou uma reação irada de Pequim, para quem a declaração foi "altamente irresponsável".
- Um país vizinho tem bomba atômica e seus gastos militares vêm crescendo há 12 anos consecutivos. Não há transparência e vejo isso com preocupação, como uma ameaça - afirmou Aso.
Mas um porta-voz da Chancelaria disse que a posição de Tóquio é a de não considerar o Exército da China uma "ameaça direta", o que significa que não espera uma invasão de tropas chinesas.
Pequim reagiu prontamente aos comentários de Aso.
- A China mantém-se no caminho do desenvolvimento pacífico - disse Qin Gang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. - É altamente irresponsável para um chanceler do Japão fazer tais declarações. Só podemos nos perguntar qual é o real propósito de se expressar um sentimento tão sem base - continuou Qin, acrescentando que o desenvolvimento da China contribuiu para a paz e para a estabilidade que beneficiaram os vizinhos, incluindo o Japao.
Ao ser questionado sobre o assunto, o secretário de gabinete do Japão, Shinzo Abe, não classificou a China de ameaça, mas disse que concorda com a mensagem de Aso de que o país vizinho precisa mostrar mais transparência nos seus gastos militares. Ele disse que sua visão e a do primeiro-ministro Junichiro Koizumi não diferem muito da de Aso.
- Acho que o ministro Aso fez seus comentários com base em uma visão de que garantir a transparência, no momento em que os gastos militares (da China) mostraram crescimento de dígitos duplos nos últimos anos, levará à confiança dos países estrangeiros em relação à China - declarou Abe.
As frias relações diplomáticas entre Tóquio e Pequim pioraram neste ano devido a disputas sobre temas ligados à invasão japonesa e à ocupação de partes da China no início do século XX.
Os dois também estão em disputa por recursos naturais no mar entre os países.