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Um ano de conflito

Chanceler ucraniano defende que América Latina deixe neutralidade em relação à guerra

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em participação virtual em fórum na Espanha, em setembro do ano passado (Foto: EFE/Lavandeira Jr)

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A Ucrânia pediu nesta quarta-feira (15) aos países da América Latina que abandonem a “neutralidade” e fiquem do “lado certo” da história diante da agressão russa.

“Pedimos a todos os líderes da região da América Latina e do Caribe que deixem de lado essa chamada neutralidade e se coloquem do lado certo da história”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em entrevista coletiva com jornalistas ibero-americanos em Kiev.

“Tenho confiança em que os países da América Latina estão interessados que a Rússia seja vencida, porque é do interesse da estabilidade global que se restabeleça a legalidade internacional”, disse Kuleba em entrevista coletiva organizada pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

Embora o chefe da diplomacia ucraniana tenha evitado criticar diretamente alguns líderes da região, como os de Brasil, Colômbia, México e Argentina, que relutam em enviar armas ou munições para a Ucrânia, e garantido que cada país tem o direito de escolher sua política externa, Kuleba insistiu em denunciar esta “neutralidade”.

“Vemos diferentes graus de neutralidade, em alguns casos adotam a posição de condenar a agressão, por exemplo, em resoluções da ONU, mas dizem que não vão enviar armas ou munições, apenas ajudar com ajuda humanitária, há outros que não fazem nada”, disse.

“Quando um país não pode sequer condenar abertamente uma agressão flagrante contra um Estado soberano, escolheu o lado errado, pensa que as fronteiras podem ser mudadas pela força, e também há quem opte por apoiar a Rússia, embora sejam muito poucos”, acrescentou.

Kuleba enfatizou que antes da guerra, a Ucrânia sabia quem eram tradicionalmente seus aliados na região, mas que com a guerra “as relações entre a Ucrânia e a América Latina perderam o foco, a guerra mudou essa percepção”.

Sobre a posição da Argentina e a atitude do seu presidente, Alberto Fernández, em respeito à invasão russa da Ucrânia, Kuleba assegurou que “cada país é dono da escolha da sua política externa, mas há alguns pontos de referência que tornam a posição muito clara”.

Ele listou que “uma delas é votar a favor das resoluções da ONU adotadas em resposta à agressão da Rússia contra a Ucrânia. Outra é se um país fornecer ajuda concreta à Ucrânia e a terceira é apertar a mão do presidente Vladimir Putin ou do ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov, porque estão manchadas com o sangue dos ucranianos e de seus próprios cidadãos”.

“Alguns indicadores tornam mais fácil identificar onde está o país”, disse, “mas não devemos ser emocionais.”

Ele também não quis criticar abertamente o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, mas disse que “aqueles que dizem que enviar armas à Ucrânia só vai prolongar a guerra, estão dizendo que não querem que a Ucrânia lute, querem que perca sua soberania e independência”.

No entanto, afirmou que teve uma “reunião muito boa com o ministro das Relações Exteriores no outono e continuaremos trabalhando com o governo mexicano”.

Sobre a Colômbia e seu presidente, Gustavo Petro, o ministro ucraniano disse que “quando digo que não envio armas porque quero a paz, isso não significa que quem as envia não queira a paz. A Ucrânia é a primeira a querer a paz, não é divertido estar em guerra, [mas] não queremos ser destruídos como nação”, e “precisamos de armas”.

Em relação a países como El Salvador, Dmytro Kuleba destacou que “se um país não condena a agressão e permanece em silêncio, abre caminho a outros agressores para que violem o direito internacional, mas não acredito que El Salvador seja um país que queira viver em um mundo sem leis”.

Em vez disso, elogiou o fato do presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, ter sido o primeiro líder da região a visitar Kiev desde o início da agressão russa.

Kuleba disse que Kiev quer aprofundar e expandir suas relações políticas, econômicas e humanitárias com a região da América Latina e do Caribe em 2023.

“Estamos finalizando nossa primeira estratégia de política externa com a América Latina, um documento global que abrange todas as áreas e define objetivos para os próximos anos, e também temos um plano ambicioso de ampliar nossa presença diplomática”, destacou.

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