O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi recebido na manhã deste sábado (5) em Caracas pelo vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, como parte da tentativa brasileira de mediar a crise entre Venezuela e Colômbia deflagrada no mês passado por tensões em sua fronteira.
O chanceler argentino, Hector Timerman, também participou da conversa, que ocorreu um dia após ambos os ministros serem recebidos em Bogotá pela colega Maria Angela Holguín.
Ao sair do encontro de uma hora e meia com Arreaza, Vieira se recusou a falar com a Folha.
Já o vice-presidente venezuelano disse ter dado a Vieira e Timerman “informações” sobre a situação na fronteira com a Colômbia e agradeceu as presidente Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, da Argentina, pela “preocupação”.
Os chanceleres saíram diretamente para o aeroporto, de onde embarcaram em voo da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo a Kingston, na Jamaica, para conversar com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que participa de uma cúpula de países caribenhos.
A reportagem apurou que os ministros podem retornar a Caracas ainda neste sábado (5).
A viagem à Jamaica não havia sido prevista. Fontes diplomáticas dizem que a decisão dos ministros de ir de improviso ao encontro de Maduro indica que a gravidade do tema exige diálogo direto com o chefe de Estado, não apenas com altos funcionários de governo.
A crise começou há três semanas, depois que Maduro ordenou o fechamento de parte da fronteira, decretou estado de exceção na região e deportou mais de mil colombianos em represália a um ataque a bala atribuído a contrabandistas do país vizinho que feriu três militares venezuelanos. Outros 10 mil colombianos fugiram por se sentir pressionados, segundo organismos multilaterais.
Maduro disse que as pessoas alvejadas pelas medidas eram contrabandistas ou paramilitares.
A Colômbia disse que denunciará a Venezuela na ONU por maus tratos a colombianos. Já a Venezuela anunciou que exigirá ser ressarcida por ter recebido e fornecido saúde e educação gratuitas a grande quantidade de colombianos que escaparam do conflito interno na Colômbia desde os anos 1990.
Num raro sinal de apaziguamento, a Venezuela permitiu nesta sexta (4) que centenas de crianças venezuelanas pudessem atravessar a fronteira para ir à escola na Colômbia.
A medida atende uma das condições impostas pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para um encontro com Maduro.