Centenas de pessoas continuaram protestando nas ruas da cidade americana de Charlotte, apesar do toque de recolher que entrou em vigor à meia-noite, no terceiro dia consecutivo de manifestações contra a morte de um homem negro por um policial. Os moradores desafiaram o toque de recolher e percorreram as ruas da cidade ante os olhares dos agentes da Guarda Nacional.
As forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo e utilizaram balas de borracha para dispersar manifestantes que bloqueavam uma das principais avenidas da cidade durante a noite, constatou a AFP.
Manifestantes caminhavam pelo centro da cidade, carregando cartazes com frases como “Deixem de nos matar” e “A resistência é bela”, quando foram reprimidos pelas forças da ordem. Após a meia-noite, centenas de pessoas permaneciam nas ruas de Charlotte, apesar da vigência do toque de recolher.
Com a chegada da Guarda Nacional, o chefe da polícia de Charlotte, Kerr Putney, declarou que “agora há os recursos que nos permitem proteger a infraestrutura e ser mais eficientes” diante dos protestos.
O governador da Carolina do Norte declarou estado de emergência em Charlotte na quarta-feira (21) à noite, após a segunda noite de confrontos provocados pela morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos, em uma ação da polícia. Os manifestantes estão convencidos de que Scott, morto por um policial na terça-feira, foi vítima de um erro flagrante.
Teses diferentes
Segundo a polícia, Scott foi morto pelo agente Brentley Vinson porque se negava a abaixar uma arma de fogo. A família da vítima afirma que a vítima carregava apenas um livro.
“A história da arma é uma mentira”, afirmou à AFP Taheshia Williams, que tem uma filha que estuda na mesma escola que um dos filhos de Scott. “Tiraram o livro e substituíram por uma arma. Este homem esperava sentado aqui todos os dias que o filho descesse do ônibus”, completou.
O agente Vinson foi suspenso e aguarda os resultados de uma investigação administrativa.Os parentes de Scott repetiram que ele não carregava nenhuma arma, e sim um livro, no momento da morte. De acordo com sua filha, Scott Lamont esperava pelo filho no estacionamento.
“Posso garantir que uma arma foi apreendida. Também posso assegurar que não encontramos o livro que foi citado”, disse o chefe da polícia Putney. “Nos vídeos que assisti não é possível ver tudo o que aconteceu”, completou.
Violência
Os recuos da polícia nos dois mais recentes casos de morte de negros supostamente desarmados, por oficiais, na Carolina do Norte e em Oklahoma, devem reforçar ainda mais o debate sobre a violência contra afro-americanos nos EUA e influenciar as eleições presidenciais de novembro. Segundo ONGs que tratam do tema, já são 214 casos semelhantes este ano no país. A procuradora-geral, Loretta Lynch, afirmou que a violência em alguns dos protestos contra abusos policiais pode ofuscar uma luta legítima por mudanças.
A polícia de Charlotte não tornou público o vídeo da operação que resultou na morte de Keith Lamont Scott, como havia sido prometido anteriormente. E o chefe do órgão, Kerr Putney, revelou que o vídeo não mostra “necessariamente” a vítima com uma arma na mão. A família da vítima acusa a polícia de abuso, e diz que Scott estava lendo um livro.
As imagens, feitas por câmeras presas aos uniformes de três agentes presentes, podem esclarecer a morte que motiva protestos na cidade há três dias. Mas a polícia, que prometeu uma investigação transparente sobre o caso, recuou e disse que só mostrará o vídeo para a família.
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