O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou nesta sexta-feira romper relações diplomáticas com o Peru se o social-democrata Alan García vencer o segundo turno das eleições presidenciais contra o nacionalista Ollanta Humala.
García chamou Chávez de "sem-vergonha" por criticar os acordos de livre-comércio de Peru e Colômbia com os EUA, ao mesmo tempo em que a Venezuela continua vendendo petróleo aos americanos.
- Se por algum truque do demônio o Sr. García chegar a se eleger como presidente, eu retiro meu embaixador do Peru, porque com um presidente desses a Venezuela não terá relações com o Peru - disse Chávez em um evento público.
O líder esquerdista venezuelano entrou em choque com Lima após dar apoio ostensivo a Humala, que venceu o primeiro turno e decide a eleição contra García no final de maio ou começo de junho. Pesquisa Datum feita nesta semana mostrou García à frente, com 54% das intenções de voto, contra 46% de Humala.
- Ollanta, salve o Peru, meu amigo, e o povo do Peru terá todo o meu apoio - disse Chávez.
García, que era mais à esquerda quando governou o Peru, entre 1985 e 90, provocando uma profunda crise econômica, acusou Chávez de interferir nos assuntos internos do seu país.
- Os peruanos não vão aceitar sermões de um homem que não tem autoridade moral - disse García. - Ele é o grande vendedor de petróleo para os Estados Unidos, mas vem dizer a Colômbia, Equador e Peru que não façam negócios com os EUA.
Chávez defende um "socialismo do século 21" e a integração latino-americana como receitas contra o modelo de livre-mercado apresentado pelos EUA à região. Ele frequentemente ataca o "imperialismo" e o capitalismo americanos.
Recentemente, o governo Chávez retirou a Venezuela da Comunidade Andina de Nações (CAN), por considerar que Bogotá e Lima provocaram sua "morte" ao firmar os acordos comerciais com os EUA. A Bolívia, governada pelo também esquerdista Evo Morales, se juntou a Chávez e pediu que os demais países do bloco não negociem com os EUA.
Washington acusa Chávez de usar a riqueza do petróleo para minar a democracia na região e esmagar seus adversários internos. O ex-soldado, por sua vez, acusa Washington de tramar contra seu governo para assumir as enormes riquezas petrolíferas venezuelanas.
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