O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quinta-feira (31) que nacionalizará o Banco de Venezuela, ao pertence ao grupo espanhol Santander.
"Estou interessado e vamos nacionalizá-lo (o Banco de Venezuela)" disse o mandatário em cadeia nacional de rádio e televisão, ao anunciar que o governo comprará o banco, que é a maior instituição financeira privada do país.
"Agora o governo quer comprar o banco, quer recuperá-lo porque é o banco da Venezuela," disse Chávez. O inesperado anúncio da nacionalização ocorreu após funcionários graduados do governo terem negado durante meses as versões sobre a suposta estatização. O governo venezuelano já assumiu o controle da maior siderúrgica do país, da maior operadora de telecomunicações, de quatro projetos petrolíferos na faixa do rio Orinoco e de empresas de eletricidade e fabricantes de cimento.
O Banco de Venezuela passou às mãos do grupo espanhol Santander em 1996, após o Fundo de Garantias e Proteção Bancária ter vendido a instituição em leilão público. A instituição havia sido estatizada em seguida à crise financeira de 1994, que afundou metade do sistema bancário do país.
"Faço um chamado aos senhores proprietários (o grupo Santander) para que venham aqui e comecemos a negociar," disse Chávez.
Uma porta-voz do Banco de Venezuela, que falou sob anonimato porque não está autorizada a dar declarações, disse à AP que não tem "outra informação além da que nós escutamos pela televisão."
Chávez disse que tomou a decisão de nacionalizar o banco após obter a informação de que o grupo espanhol havia feito contatos para vender o banco a um banqueiro local, que ele não identificou.
"Eu tenho a cópia do documento que assinaram, um pré-acordo entre o Santander e o banqueiro venezuelano. Ele precisava da permissão do governo para efetuar a transação e eu mandei uma mensagem aos espanhóis, não; e ao banqueiro venezuelano, não. Porque agora o governo quer comprar o banco," disse o mandatário
Chávez criticou a operação que estava em curso, definindo-a como "algo obscura."
Há dois meses, surgiram versões na imprensa local que assinalavam o interesse do presidente do Banco Occidental de Descuento, Víctor Vargas, em comprar o Banco de Venezuela. O presidente do Banco de Venezuela, Michel Goguikian, negou a informação.
Chávez disse esperar que sua decisão não afete as relações entre Venezuela e Espanha, que ambos os governos decidiram relançar na semana passada, após o mandatário venezuelano reunir-se na Espanha com o premiê espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero e com o rei Juan Carlos.
O Banco de Venezuela é a terceira maior instituição financeira do país, com três milhões de clientes na carteira. O banco tem ativos de US$ 11 bilhões, 5,2 mil empregados e conta com 300 agências de varejo.